Saudações aos viajantes, aqui quem fala é o argonauta do século XXI. Ao contrário dos meus companheiros gregos eu não sou um desbravador de oceanos ainda. Nesse blog eu vou navegar no espaço virtual e trazer os assuntos mais interessantes que encontrar; junto com essas "especiarias" vamos discutir temas da atualidade e ainda vou deixar um lugarzinho para publicar meus textos literários. Espero que curtam e visitem sempre.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Inspiração



Segundo o dicionário: Ação de inspirar ou ser inspirado. / Ação pela qual o ar penetra nos pulmões: o homem adulto, em repouso, faz 16 inspirações por minuto. / Fig. Conselho, sugestão: agir por inspiração de. / Estado da alma quando influenciada por uma potência sobrenatural: inspiração divina. / A força inspiradora; o estro: poeta de grande inspiração. / Coisa inspirada.

Para nós artistas significa bem mais que isso. Inspiração para mim é um sentimento indescritível, no entanto pela própria natureza artística de nosso ser tentamos constantemente traduzi-la em música, pintura, escrita... Enfim em todas as possibilidades que encontramos. A ironia está no fato de que nenhuma manifestação artística, por mais magistral que seja, consegue se equiparar a uma alma verdadeiramente inspirada. Nem a Guernica de Picasso, nem o Hamlet de Shakespare, nem as notas de Bethoven podem transmitir para o receptor o que o artista sente ao ser atingido intensa e repentinamente pela fagulha que iniciará todo o percurso da chama da criação.

Muitas vezes caminhando pelas ruas eu observo um fato ou talvez sinto um cheiro ou ouço uma conversa que me fazem tecer toda uma narrativa em minha mente, mesmo que ela só fique ali guardada. A simples manifestação da criatividade depois de um pequeno estímulo já é gratificante, embora a alma artística clame a todo momento por criação, execução. Inúmeros foram os textos que emergiram para um ponto mais claro na minha mente e em seguida mergulharam de volta nos labirintos do sub-consciente sem ao menos deixar pistas de seu rumo.

Há também outra maneira deliciosa de inspirar-se, através das pessoas. Vidas, ações, gestos e personalidades são um ambiente rico para o nascimento da arte. E pessoas inspiradoras geralmente são incríveis! Não há dúvidas de que esse é o meu caso, fui inspirado por uma pessoa. O curioso é que esse laço é extremamente fullgas e parece-me leviano "investir" numa inspiração que não fornece nenhuma garantia. Mas e daí? Não há nada a perder no momento e o velho ditado é válido: a vida é muito curta.

sábado, 10 de julho de 2010

Parafraseando

Sabe quando você tem milhões de coisas super importantes pra fazer e aí resolve fazer uma bem inútil, tipo atualizar o blog? Pois é ainda bem que está acabando. Um dos semestres mais tensos na faculdade com certeza, mas de forma alguma desanimador. Quanto mais conheço meu curso mais me sinto Biomédico. Não sei como eu não quis ser pesquisador desde criança, é uma carreira que tem tudo a ver comigo! Mas o post não é pra falar do meu curso, na verdade nem eu sei bem o que quero dizer nesse post. Só estava sem vontade de cumprir minhas obrigações iminentes e me sentindo extremamente culpado por ter deixado o blog as moscas. Ultimamente (na verdade um período bem mais longo que isso) não tenho escrito nada que preste e isso me deixa meio triste, talvez o problema seja só tempo mesmo. Acho que a dificuldade maior é encontrar seu próprio estilo; volta e meia me pego imitando (ou melhor tentando imitar) as metáforas de Clarice ou as descrições ricas de José de Alencar, mas onde está a minha personalidade literária? Afinal eu sou ou não um escritor vencedor de um concurso internacional de literatura? Claro que sou!!!! Tenho que lembrar a mim mesmo disso e conseguir me organizar (essa missão impossível nem o Tom Cruise resolve) pra ter tempo de escrever de novo. O ditado se comprova mais uma vez: Sou Brasileiro e não desisto nunca!

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Por um fio (micro-conto)


A mulher recostou o corpo no colchão macio cheirando a charuto. Ao olhar para cima pensou em como seria a vida de casada. O que ela acharia de deixar sua vida atual de sexo todas as noites e apenas por uma noite? Pensou em filhos, seria bom ter filhos. Daria uma boa mãe, pelo menos era o que pensava. A mulher mergulhou tão profundamente nessa fantasia de matrimônio e vida estável que quase se arrependeu do orgasmo que estava sentindo naquele momento, quase...

Bodas (crônica)


Num dia chuvoso qualquer do verão carioca, dois amigos conversavam no ônibus ao passar pela avenida atlântica. Lucas me contava da sua vida e de como havia adquirido uma letargia precoce na minha interpretação do que ele me contava. Ele dizia que recentemente havia notado algo que o estava incomodando, parecia que as coisas tinham perdido a graça; nada mais era como antes, no dia era aniversário dele e ele dizia que não sentia a excitação de outrora e não só em relação a isso, mas em relação a tudo. Encontrar-se com os amigos para um bom papo não causava aquelas lembranças das risadas mais, sair na noite para curtir as pessoas, dançar, beber e se divertir deixara de ser catártico. Ao me contar isso ele me questionava sobre o que poderia ser ou significar essa mudança, eu tinha uma suspeita que não comentei com ele na hora, mas que, creio, estava correta.

As pessoas sempre dizem que a rotina é o que acaba com o casamento. Mas quando não se trata de casamentos o que a rotina pode causar? Perguntando as pessoas sobre isso ouvi que a rotina pode ser entediante as vezes mas ela mantém nossa sanidade. Será verdade que o veneno do matrimônio pode ser o remédio da lucidez? No caso do meu amigo, após pensar sobre o assunto, eu cheguei a conclusão de que ele "casara-se" com a sua vida. Para muitos de nós sair para curtição sem limites, festejar ao máximo com amigos e abusar no consumo do etanol é algo pouco comum, são eventos reservados a dias que ficarão na memória por um bom tempo. Mas para Lucas nunca foi assim (desde que eu o conheço) porque sua vida é intensa e ferve de animação. Essa é a sua rotina.

Nós costumamos associar a rotina a um modo de vida monótono e repetitivo. No entanto quando a rotina consiste em muitas festas, diversão e amigos ela ainda pode levar a mesma conotoção? No caso de não poder o que ela é? Quando refleti sobre a sensação de perda do sabor de tudo do Lucas pensei no que havia mudado na vida dele para que ele mudasse sua visão e, principalmente, no que não havia mudado. Ao afirmar que ele levou sua vida para o altar quero dizer que ele chegou aquele estágio do casamento onde a velha chama não é mais tão forte, sua luz não cega e seu calor é imperceptível. Acabou a luxúria da lua-de-mel e já se prepara o aniversário de bodas entre desejos de renovação e receios de mudança.

Na vida a dois há uma cura para a rotina, quando um se vê fatigado do outro basta assinar papéis e esquecer os votos. Mas para nós solteiros parece não haver salvação, quando nos encontramos cansados de nossa própria rotina o que fazer? Não podemos nos divorciar de nós mesmos. Ou podemos? quanto mais eu procurava mais eu me aproximava dessa solução, mas como fazê-lo? Para alguns apenas um corte de cabelo serve para sentir-se transformado, mas existem outros que necessitam de algo mais radical, mais simbólico. O que será necessário para que esses recuperem o frescor dos fatos? Talvez uma viagem para um lugar onde fosse possível mergulhar dentro de si ou quem sabe uma novidade arrebatadora na vida estável.

A rotina de fato muda a vida da gente, as vezes para melhor porque ela se torna exatamente o que precisamos e as vezes para pior porque ela transforma cada dia numa retrospectiva do anterior tediosa e maçante. Para mim a rotina é o ato de fazer a mesma coisa sempre independente do que seja. Para o Lucas a rotina pode ter prejudicado a sua maneira de ver o mundo ou o que está acontecendo agora com ele pode ser resultado apenas do amadurecimento, no fim das contas sempre há o divórcio ou uma segunda lua-de-mel.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

2000inove!


Sim, isso é um plágio assumido. Talvez eu esteja copiando aquela empresa que lançou essa campanha no início do ano ou talvez eu esteja copiando outra pessoa (provavelmente a segunda opção), mas como dizem por aí: "nada se cria, tudo se copia" (acho que essa frase é do chacrinha). O importante não é se é original ou não, mas sim a mensagem que passa. A primeira coisa que me chamou a atenção foi a criatividade óbvia dessa brincadeira com os sons, e depois eu pensei no significado dela. Inovar é uma coisa que todo o ano novo nós procuramos, mas pouquíssimas vezes conseguimos. Eu falo no sentido de inovação na vida, dá pra contar nos dedos quantas vezes sofremos uma mudança drástica (a não ser talvez pelos geminianos que vão dizer que mudam sempre) e normalmente esse tipo de transformação só acontece mesmo quando não há outra alternativa visível. A maioria de nós quer inovação, mas esse é um ano propício para consegui-la porque ele já chegou nos dizendo isso ( e eu vejo como essa a mensagem do anúncio). Nesse ano temos um estímulo a mais para alcançar tudo o que almejamos e exorcizar todos os encostos de nossas vidas. Inove, não importa o que você queira inovar, faça! Inovar é pegar algo clássico, uma coisa que sempre foi a mesma e transfigurar, tornar original, diferente e, principalmente, NOVO. Seria como colocar um batom borrado no rosto apático da monalisa somente para mudar a atitude daquela mulher, para que nós e ela mesma a vissemos com outros olhos. Uma atitude inovadora é necessária e faz muito bem de tempos em tempos. O que eu quero dizer com essa postagem é façam aquilo que tiverem vontade, mudem se necessário, mas não tenham medo se joguem na vida e não receiem errar ou se machucar. Como disse Bonny Castle "To a short life, but an excitede one"*, brindemos a isso.


*A uma vida curta, mas excitante"

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

O gato (conto)

Esse é um dos meus primeiros textos e o que eu mais demorei a completar foram mais ou menos três anos entre a idéia e a última finalização, espero que gostem.



Ela inspirou profundamente a procura daquele cheiro, aquele aroma tão exótico, e ainda assim tão familiar, que exalava o corpo dele... Ao expirar recordou-se daqueles olhos... Felinos!? Quase alienígenas a esse mundo. Olhavam para ela, sempre de uma forma penetrante, todas as noites. Mas não mais, não em noites recentes. Ele havia fugido, fugido de seus braços, há muitas noites atrás.

Ela preferiu não pensar nisso. Tentou lembrar-se dos bons momentos; todos que passaram juntos. Recordou-se alegre do modo como ele via o mundo; sempre observador, atento e naturalmente curioso. Fechou os olhos, e ao fazer isso rememorou imediatamente de como ele dormia. Confortável em seu sono leve, com uma respiração controlada... Barriga para cima, barriga para baixo... Em sua fantasia, seguiu com o olhar o caminho que o ar percorria dos pulmões até suas narinas e admirou sua beleza animalesca, mas ao mesmo tempo nobre. Definitivamente ele não pertencia à espécie dela. Era um indivíduo à parte. Seguia sua própria conduta. Sua ideologia singular...

No início ela o havia domesticado. Ele estava totalmente sob controle, mas não mais agora. Ele aprendeu bastante; sobre o mundo e sobre si mesmo. Por isso fugiu. Estava pronto para conquistar as ruas lá fora, no mundo alucinante. Daria tudo para saber onde ele estava agora. Por que não atendia mais quando era chamado? Será que havia encontrado um lugar melhor para viver? A espécie dele é assim. Vive onde é melhor, mais fácil, só por interesse, não importa quem deixa para trás no caminho.

Sorriu... Só para lembrar do sorriso dele... E do talhe do seu rosto: olhos, orelhas, boca... Mergulhou mais fundo ainda em sua memória para procurar aquele andar jeitoso, calmo e elegante característico dele.

Por mais que tentasse, não poderia matar a saudade em seu pensamento. Precisava vê-lo, precisava dele aninhado em se colo, tinha que cuidar dele tratá-lo, com todo o carinho que uma dona daria ao seu bichano...

De sua fantasia, afundada na velha poltrona preta, foi despertada por algo. Algo lá fora, Fora de seu mundo. Pensou ter ouvido algo, do outro lado da porta... Batida? Seria ele? Finalmente achara o caminho de volta? Ou não? O único modo de descobrir era abrindo a porta. Levantou-se entusiasmada, aproximou-se da porta com o olhar esperançoso e, ao abrir a porta, a esperança transformou-se em decepção... Havia algo lá fora. Sim... Alguma coisa de olhar felino que ansiava pelo seu carinho, mas não era ele. Não era aquele que ela esperava. Quando olhou para fora percebeu que parado na soleira estava apenas... O gato...

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

O ovo (conto)


Hoje foi um dia estranho, estava cochilando a tarde em meu sofá surrado de solteiro e quando acordei havia posto um ovo. Sim, um ovo! Não sei como aconteceu e nem porquê, mas quero entender o significado disso tudo. Sei que pus o ovo, disso estou certo. Parece bizarro mas posso sentir que aquele ovo é parte de mim. Aquele ovo branco e do tamanho e formato muito semelhantes aos de uma galinha. Não, não há possibilidades de alguém ter pregado uma peça em mim. Não tenho contatos com família e nem mesmo amigos íntimos, além disso moro sozinho e a casa estava trancada, além disso algo me diz que realmente pus aquele ovo.
O acontecido é óbvio e imutável; o ovo está aqui e eu o coloquei nesse mundo. Agora, o que devo fazer com ele? Isso não está claro para mim. O que o ovo quer de mim? O que eu espero do ovo? Talvez devesse choca-lo (uma parte de mim diz isso). O simples instinto paterno leva-me a cuidar, proteger e nutrir esse ovo. Deixar que ele se desenvolva, fortaleça e cresça para um dia, quem sabe, rachar e revelar seu conteúdo. O que haverá dentro dele? Por enquanto só vejo mistério, não se meche, não emite sons. Se soubesse o que há dentro tomaria a atitude mais correta.
O que devo fazer com este ovo? Devo ignorá-lo, devo fingir que o fato não aconteceu? O mais sensato seria simplesmente virar a página deste capítulo insano no livro da minha vida? Não. Mesmo que desejasse isso com todas as forças não o conseguiria. O ovo foi posto; por mim. Não se pode relevar isso. Mas então o que fazer? Afinal por que coloquei um ovo? Galinhas botam ovos, não sou uma galinha. O que sou? Que tipo de evento cósmico ocorreu para que eu acordasse como um ser ovíparo?
Isso tudo é um sonho. Estou dentro de um quadro surrealista de Di Cavalcanti. Logo acordarei, assim que esse ovo parar de me encarar. Não vai demorar muito; tão rápido quanto um piscar de olhos. Logo... Não acordo, continuo em meu sofá velho e o ovo ainda está ao meu lado e ao mesmo tempo em mim, como se fôssemos um só.
A única coisa que sei é que sou o gerador daquele ovo. Viverei com o fantasma desse episódio para sempre: o dia em que botei um ovo e o dia em que me neguei a choca-lo. Não sei o que fazer com o ovo. Frito-o e o como porque a despensa está vazia.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Sou fogo (conto)


Estou nú em meu quarto. Encontro-me numa posição incômoda na cama, não sento, não deito, fumo um cigarro. Estou morrendo! Dou-me conta disso sem saber o porquê. Figurativa e literalmente perco minha vida aos poucos nesse instante. É como um processo, uma metamorfose sem mudanças. Sou um imago. Um mero estágio entre plena vida e morte plena. Transitório. De forma real e palpável morro. Cada segundo passado é um segundo gasto, morto. A todo momento meu corpo se esvai. Milhares de células são sentenciadas. É implacável. Não há outro caminho, a única possibilidade é se aproximar do fim cada vez mais. De forma lenta ou rapidamente todos os destinos convergem. Não é triste e nem assustador, é a natureza...

Morro porque quero morrer, porque me permito. Deixo cair, secar e apodrecer todas essas folhas. Já não servem de nada, estão como parasitas que impedem o funcionamento do organismo. Estão no chão, em queda, decompostas. Essa é a segunda morte, a psicológica. Aquela que ocorre com menos frequência e que poucos tem o privilégio de experimentar. Poucos porque é reduzido o número dos que ousam e dos que se conhecem e sabem o que precisam. Esses são escassos e os que escolhem morrer podem viver duas vezes.

Morrer é uma escolha! Não a morte biológica, a outra. Escolhe-se morrer quando é necessário, quando a opção de continuar vivendo é demasiado cruel e desumana. Mas morre-se apenas com um propósito: vida. A vida é impossível sem essa morte, sem o renascimento. Morro. Mas sou um pássaro mitológico, sou feito de cinza e fogo e vida e morte.

Sinto a ausência, o vazio (temporários). Dão lugar a uma nova presença, uma plenitude renovada, uma sensação de preenchimento. Morro somente para viver, porque essa vida já não presta. Ela pecisa acabar para que tenha início outra. Essa vida é como uma concha que ficou muito apertada para o molusco e este precisa fazer a muda, precisa continuar pois não há outra alternativa. Trata-se de instinto, de sobrevivência.

As cinzas se formam entre os dedos e a pequena chama é invisível a mim. Refletem-me: cinza e fogo. Agora sou cinza, já fui fogo e serei outra vez incandescente. Sou brasa, sinto o calor emanando, expurgando todos os tóxicos, exorcizando os demônios, do interior para fora. Matando. Dando vida. Agindo simplesmente. Sinto-me despertando, apesar de não ter dormido. Não dormi? Não fechei os olhos mas estava adormecido, estava num estado inativo, passivo. Agora acordo, abro os olhos pela primeira vez em muito tempo e vejo vida. Sinto calor entre meus dedos e é a chama, ela me desperta. Sou fogo, sou fonte de luz e chama. Tenho o corpo aquecido de excitação e fatigado pela catarse. Sou vivo e sou morto. O que morre em mim não é meu mais, não reconheço, foi consumido e deu lugar a outra coisa. Algo não descoberto, não explorado, novo!

Arremesso a guimba na chão e observo a pequena chama. Ela dança, comunica-se, cresce. Brinca com os trapos e mostra-se para mim. Reconheço-me. Sou fogo. E preencho o quarto, faço-me presente em cada parede, em cada móvel. Consumo o que se encontra e mato. E morro. E concedo vida. Ilumino com calor e aqueço com luz. Sou fogo.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

O que acabei de ler






Os últimos livros que lí são bem diferentes entre si, mas eu sou eclético e leio (quase) tudo. O primeiro que terminei foi "Entrevista com o vampiro" da Anne Rice. Esse livro inspirou o filme homônimo e deu grande reconhecimento a autora americana. Bom eu ví o filme antes de ler o livro e ele foi uma das razões pra eu querer lê-lo. Eu fiquei meio decepcionado pq gostei mais da versão Hollywoodiana da obra da Anne exceto na construção das personagens porque ela fez um ótimo trabalho nessa parte. A narração é quase toda em primeira pessoa porque a história trata de um vampiro que dá uma entrevista a um garoto contando toda a sua vida e revelando vários segredos do mundo dos vampiros. A criação desse mundo pela imaginação da autora e admirável; toda a criatividade e minunciosidade empregada impressionam apesar do pouco que é revelado acerca desse assunto nesse que foi o livro de estréia de Rice. O personagem principal, Louis, é enfadonho em algumas partes do livro ele se questiona a todo tempo, se castiga e está sempre a procura de algo. Ele não consegue aceitar sua condição de vampiro e ao mesmo tempo não consegue abandoná-la e a trama gira basicamente em torno de suas introspecções psicológicas ao longo da vida. A personagem que mais me chamou atenção foi Cláudia uma menina que acaba sendo transformada em vampira e passa a viver com Louis e com a frustração de ser imortal no corpo "inútil" de uma criança. Lestat, o vampiro que transforma Louis no começo da história, também merece ser citado por sua importância no livro, mas ele não foi um personagem que me atraiu; pra mim faltou profundidade e um melhor desenvolvimento dele. Apesar de tudo eu recomendo o livro sim e pricipalmente o filme, pra quem gosta desse tema de vampiros eles são ótimos e a autora é uma das principais do meio.





O segundo que terminei foi "Amy Winehouse biografia" do Chas Newkey-Burden. Eu não gostei muito porque o autor fez mais um pout-pourri de críticas, relatos de testemunhas, e outros tipos de textos relacionados a Amy, então sua vida não foi o foco (como eu esperava numa biografia) e sim a sua carreira que ocupa a maior parte do livro. Muitas das coisas que foram ditas eu já sabia por acompanhar o trabalho da artista então o livro me acrescentou pouco a respeito de Amy. Pra quem não conhece essa cantora (você esteve em coma?) polêmica e muito talentosa e quer conhecer pode até comprar o livro porque está baratinho, mas eu não recomendo. Com certeza serão lançadas outras biografias dela no futuro e espero que outras sejam melhores.





O último livro que lí recentemente foi "Mar morto" do meu autor preferido, Jorge Amado. Obviamente eu achei o livro ótimo. Muito bom e muito triste também. Ele conta a história de Guma e Lívia, mas mais que isso conta uma história de luta e vida de pescadores de Salvador e do mar. O mar que inspira a tantos em várias épocas, mas nenhum como Jorge. Guma é o personagem principal e é um pescador prodígio que foi criado pelo tio, sua vida corre normalmente como qualquer outro pescador da região, até que durante uma festa no cais ele vê Lívia e se apaixona e não descansa enquanto não a conquista. O livro, junto com outro do Jorge que eu já citei aqui ("A descoberta da América pelos turcos") inspiraram a novela "Porto dos milagres" que eu também fui fã, antes mesmo de conhecer a obra de Jorge Amado. Bom eu sou um mero bloggeiro para resumir uma obra tão incrível como essa, mas o fato é que o livro é realmente muito bom e quem ler não vai se arrepender principalmente pelo final.

domingo, 28 de dezembro de 2008

O medo e o instinto (crônica)

Esse texto é bem velho e eu gosto bastante dele, esse fato aconteceu mesmo comigo e me inspirou a escrever essa crônica espero que vocês gostem.





Verão no Rio de Janeiro, clima tropical clássico nessa época (uma das razões por eu amar minha cidade). Caminhava no centro pelo famoso Saara. Para os cariocas não é necessária mais nenhuma explicação, mas os outros podem imaginar muvuca, tumulto, calor intenso enfim. Só indo lá para saber de verdade.

Andava pelas ruas procurando tecidos e entrei numa loja. Pedi ao vendedor um metro de um tal tecido preto e ele logo se mostrou eficiente. O vendedor? Lugar comum desses atendentes, nada que chamasse atenção, meia idade, apresentável, aparentemente sem ambições maiores na vida, desses que vivem o dia-a-dia numa rotina de sobrevivência. Ele estende o pano em uma bancada e eu fico do lado oposto aguardando. Rapidamente mediu um metro e puxou uma tesoura de cabo preto sem atrativos. Não a notaria se não fosse o que se passou a seguir: A tesoura foi posicionada na marca exata de um metro e, logo depois de um corte inicial, começou a avançar ligeira e afiadíssima sobre a imensidão negra em direção a onde eu estava. Não sei o que na cena perturbou-me, mas fui incapaz de conter um impulso de me afastar num susto embaraçoso.

O episódio me fez pensar conforme caminhava no comércio fervilhante. Porque essa reação tão abrupta diante do "falso" perigo? Fora o instinto ou o medo o causador dela? O que naquele objeto me pareceu tão ameaçador?

Muitas vezes nos vemos em situações de risco como essa. A tesoura avança rápido demais e quando percebemos já nos esquivamos do obstáculo sem avaliar se ele pode ser vencido. Com isso podemos deixar para trás prêmios que estavam ao alcance. É verdade que impedir o instinto de fugir é difícil, afinal ele mantêm nossa integridade e soberania há muito tempo, mas às vezes vale a pena superar a própria natureza em prol de uma conquista valorosa.

Diante de um fato como esse existem dois momentos bem claros no mecanismo que ativa as repostas do organismo. O medo que é o gatilho que inicia o processo de reação e, logo depois, o instinto que nos diz exatamente o que fazer dando continuidade ao processo e provocando a reação física em si. Não há como discordar que esse é um método de autopreservação eficaz. No entanto, ele não deve nos impedir de desfrutar a vida sem se preocupar com as tesouras, facas e lâminas em geral que podem estar no caminho.



sábado, 27 de dezembro de 2008

O enigma da esfinge


Finalmente alguém aderiu ao projeto de transformar um fato da vida em um texto aqui no blog, esse é a respeito de uma grande amiga minha que pediu isso pra mim. Espero que ela goste e espero que vocês gostem também, eu caprichei muito e demorei muito pra terminar também rs.
Quem se interessar ou quiser saber mais é só me mandar um e-mail ou ler o texto aí do lado.


Ela abriu os olhos e notou a mão dele afagando seu cabelo. Continuaram os dois deitados, só os dedos dele moviam-se entre os fios louros e sedosos dela; tudo mais estava imóvel, o tempo estava suspenso, aguardando, e os olhos se encontravam e se invadiam. Ele sorriu, ela olhou.
_Acho que nós devíamos terminar. Ela disse com a voz minguada.
O sorriso desmancha, os dedos param e dessa vez tudo fica suspenso, aguardando.
_Por que? Ele pergunta.
_Porque você não quer o que eu quero.
_O que?
_Eu quero um relancionamento.
_Mas o que é isso?
_Eu não sei, mas não é o que eu quero.
_Eu não quero ficar sem você.
_Mas você também não quer ficar comigo.
_Mas eu não estou com você?
Silêncio.
_Eu não posso continuar assim, estou envolvida demais pra ficar e de menos pra um namoro.
_Por que não podemos ficar como estamos?
_Eu acabei de dizer o porquê.
_Namoro é só uma palavra.
_Então por que você resiste? Se não significa nada?
Silêncio. E mais silêncio. Tempo suspenso mais uma vez.
Ela virou o corpo e encarou o teto, iluminado pelo sol matutino, para não ter que encará-lo. Ele pegou a mão dela num movimento que sugeria que ela o olhasse. Depois de um tempo assim, um tempo que poderia ter sido segundos ou minutos, ela virou o rosto para ele de novo. Ele disse:
_Você promete que nós não vamos nos separar?
Silêncio.
_Me prometa.
_Eu não posso.
_Por que?
_Porque você não quer me dar o que eu preciso.
_Mas nós estamos juntos, estamos curtindo. Eu gosto de você.
_Mas não o suficiente.
_O compromisso não significa nada.
_Por que você me ofende assim?
_Como assim?
_Eu não sou uma criança. Não diga que não significa nada quando eu sei o real motivo para você não querer isso!
Silêncio. Olhos marejados. Só um par deles.
Ela vira o corpo de frente para ele e ambos se encaram, olhos nos olhos. Ambos tentam se decifrar, se entender, se sintonizar. Ambos fracassam.
_Você sabe que não podemos continuar. Não assim.
_Por que?
Ela sorri como se lembrasse de um momento bom e diz:
_Porque você ainda pergunta o porquê...
Ela se levanta da cama e sai pela porta do quarto confiante. Ele fica, suspenso como o tempo.

sábado, 22 de novembro de 2008

O que acabei de ler


O livro que acabei de ler, "Canto dos Malditos", é muito interessante. Ele conta a história real vivida pelo autor que foi internado num hospício pelo seu pai por ser usuário de drogas na adolescência. É um livro perturbador, mas ao mesmo tempo você não consegue parar de ler. O livro começa narrando a vida de Austry (apelido do nome do autor, Austregésilo Carrano Bueno) e suas loucuras em Curitiba (cidade onde vive) e no Rio de Janeiro (pra onde viaja nas férias de julho de forma inesperada). Até o momento em que ele é internado subitamente no hospício e sua vida toma uma virada. No hospício o autor encontra-se com a realidade precária dos sanatórios brasileiros e com o tempo acaba sofrendo os efeitos do desleixo dos psiquiatras que controlam esses estabelecimentos. Depois dessa primeira vez no hospício ele sai e volta para hospitais psiquiátricos várias vezes durante a vida e ainda volta para o Rio mais uma vez no livro. Esse livro inspirou o filme "Bicho de sete-cabeças" estrelado pelo ator Rodrigo Santoro. Eu recomendo ambos, o livro e o filme, e acho que todos deveriam ter conhecimento da denúncia que eles fazem: o estado calamitoso em que se encontram os hospícios no Brasil.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Aos meus anônimos

Essa é uma postagem objetiva, mas importante pra mim. Eu só quero agradecer aos anônimos que escreveram comentários aqui, leram meus textos ou simplesmente passaram os olhos pelo blog. Muito obrigado à todos vocês. =D

O vulcão inativo

Seca, estiagem, greve, bloqueio criativo... Chamem do que quiserem! Eu sei que em todo deserto tem um oásis e eu vou encontrá-lo.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Sozinha no baile (micro-conto)


Era a garota mais bonita do colégio.
Não foi convidada pro baile. Os garotos tinham medo de aborda-la.
Decidiu ir sozinha.Usou um vestido vermelho deslumbrante.
Os homens esqueceram seus pares; todos queriam dançar com ela.
Raphael da Guanabara