Saudações aos viajantes, aqui quem fala é o argonauta do século XXI. Ao contrário dos meus companheiros gregos eu não sou um desbravador de oceanos ainda. Nesse blog eu vou navegar no espaço virtual e trazer os assuntos mais interessantes que encontrar; junto com essas "especiarias" vamos discutir temas da atualidade e ainda vou deixar um lugarzinho para publicar meus textos literários. Espero que curtam e visitem sempre.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

O que acabei de ler






Os últimos livros que lí são bem diferentes entre si, mas eu sou eclético e leio (quase) tudo. O primeiro que terminei foi "Entrevista com o vampiro" da Anne Rice. Esse livro inspirou o filme homônimo e deu grande reconhecimento a autora americana. Bom eu ví o filme antes de ler o livro e ele foi uma das razões pra eu querer lê-lo. Eu fiquei meio decepcionado pq gostei mais da versão Hollywoodiana da obra da Anne exceto na construção das personagens porque ela fez um ótimo trabalho nessa parte. A narração é quase toda em primeira pessoa porque a história trata de um vampiro que dá uma entrevista a um garoto contando toda a sua vida e revelando vários segredos do mundo dos vampiros. A criação desse mundo pela imaginação da autora e admirável; toda a criatividade e minunciosidade empregada impressionam apesar do pouco que é revelado acerca desse assunto nesse que foi o livro de estréia de Rice. O personagem principal, Louis, é enfadonho em algumas partes do livro ele se questiona a todo tempo, se castiga e está sempre a procura de algo. Ele não consegue aceitar sua condição de vampiro e ao mesmo tempo não consegue abandoná-la e a trama gira basicamente em torno de suas introspecções psicológicas ao longo da vida. A personagem que mais me chamou atenção foi Cláudia uma menina que acaba sendo transformada em vampira e passa a viver com Louis e com a frustração de ser imortal no corpo "inútil" de uma criança. Lestat, o vampiro que transforma Louis no começo da história, também merece ser citado por sua importância no livro, mas ele não foi um personagem que me atraiu; pra mim faltou profundidade e um melhor desenvolvimento dele. Apesar de tudo eu recomendo o livro sim e pricipalmente o filme, pra quem gosta desse tema de vampiros eles são ótimos e a autora é uma das principais do meio.





O segundo que terminei foi "Amy Winehouse biografia" do Chas Newkey-Burden. Eu não gostei muito porque o autor fez mais um pout-pourri de críticas, relatos de testemunhas, e outros tipos de textos relacionados a Amy, então sua vida não foi o foco (como eu esperava numa biografia) e sim a sua carreira que ocupa a maior parte do livro. Muitas das coisas que foram ditas eu já sabia por acompanhar o trabalho da artista então o livro me acrescentou pouco a respeito de Amy. Pra quem não conhece essa cantora (você esteve em coma?) polêmica e muito talentosa e quer conhecer pode até comprar o livro porque está baratinho, mas eu não recomendo. Com certeza serão lançadas outras biografias dela no futuro e espero que outras sejam melhores.





O último livro que lí recentemente foi "Mar morto" do meu autor preferido, Jorge Amado. Obviamente eu achei o livro ótimo. Muito bom e muito triste também. Ele conta a história de Guma e Lívia, mas mais que isso conta uma história de luta e vida de pescadores de Salvador e do mar. O mar que inspira a tantos em várias épocas, mas nenhum como Jorge. Guma é o personagem principal e é um pescador prodígio que foi criado pelo tio, sua vida corre normalmente como qualquer outro pescador da região, até que durante uma festa no cais ele vê Lívia e se apaixona e não descansa enquanto não a conquista. O livro, junto com outro do Jorge que eu já citei aqui ("A descoberta da América pelos turcos") inspiraram a novela "Porto dos milagres" que eu também fui fã, antes mesmo de conhecer a obra de Jorge Amado. Bom eu sou um mero bloggeiro para resumir uma obra tão incrível como essa, mas o fato é que o livro é realmente muito bom e quem ler não vai se arrepender principalmente pelo final.

domingo, 28 de dezembro de 2008

O medo e o instinto (crônica)

Esse texto é bem velho e eu gosto bastante dele, esse fato aconteceu mesmo comigo e me inspirou a escrever essa crônica espero que vocês gostem.





Verão no Rio de Janeiro, clima tropical clássico nessa época (uma das razões por eu amar minha cidade). Caminhava no centro pelo famoso Saara. Para os cariocas não é necessária mais nenhuma explicação, mas os outros podem imaginar muvuca, tumulto, calor intenso enfim. Só indo lá para saber de verdade.

Andava pelas ruas procurando tecidos e entrei numa loja. Pedi ao vendedor um metro de um tal tecido preto e ele logo se mostrou eficiente. O vendedor? Lugar comum desses atendentes, nada que chamasse atenção, meia idade, apresentável, aparentemente sem ambições maiores na vida, desses que vivem o dia-a-dia numa rotina de sobrevivência. Ele estende o pano em uma bancada e eu fico do lado oposto aguardando. Rapidamente mediu um metro e puxou uma tesoura de cabo preto sem atrativos. Não a notaria se não fosse o que se passou a seguir: A tesoura foi posicionada na marca exata de um metro e, logo depois de um corte inicial, começou a avançar ligeira e afiadíssima sobre a imensidão negra em direção a onde eu estava. Não sei o que na cena perturbou-me, mas fui incapaz de conter um impulso de me afastar num susto embaraçoso.

O episódio me fez pensar conforme caminhava no comércio fervilhante. Porque essa reação tão abrupta diante do "falso" perigo? Fora o instinto ou o medo o causador dela? O que naquele objeto me pareceu tão ameaçador?

Muitas vezes nos vemos em situações de risco como essa. A tesoura avança rápido demais e quando percebemos já nos esquivamos do obstáculo sem avaliar se ele pode ser vencido. Com isso podemos deixar para trás prêmios que estavam ao alcance. É verdade que impedir o instinto de fugir é difícil, afinal ele mantêm nossa integridade e soberania há muito tempo, mas às vezes vale a pena superar a própria natureza em prol de uma conquista valorosa.

Diante de um fato como esse existem dois momentos bem claros no mecanismo que ativa as repostas do organismo. O medo que é o gatilho que inicia o processo de reação e, logo depois, o instinto que nos diz exatamente o que fazer dando continuidade ao processo e provocando a reação física em si. Não há como discordar que esse é um método de autopreservação eficaz. No entanto, ele não deve nos impedir de desfrutar a vida sem se preocupar com as tesouras, facas e lâminas em geral que podem estar no caminho.



sábado, 27 de dezembro de 2008

O enigma da esfinge


Finalmente alguém aderiu ao projeto de transformar um fato da vida em um texto aqui no blog, esse é a respeito de uma grande amiga minha que pediu isso pra mim. Espero que ela goste e espero que vocês gostem também, eu caprichei muito e demorei muito pra terminar também rs.
Quem se interessar ou quiser saber mais é só me mandar um e-mail ou ler o texto aí do lado.


Ela abriu os olhos e notou a mão dele afagando seu cabelo. Continuaram os dois deitados, só os dedos dele moviam-se entre os fios louros e sedosos dela; tudo mais estava imóvel, o tempo estava suspenso, aguardando, e os olhos se encontravam e se invadiam. Ele sorriu, ela olhou.
_Acho que nós devíamos terminar. Ela disse com a voz minguada.
O sorriso desmancha, os dedos param e dessa vez tudo fica suspenso, aguardando.
_Por que? Ele pergunta.
_Porque você não quer o que eu quero.
_O que?
_Eu quero um relancionamento.
_Mas o que é isso?
_Eu não sei, mas não é o que eu quero.
_Eu não quero ficar sem você.
_Mas você também não quer ficar comigo.
_Mas eu não estou com você?
Silêncio.
_Eu não posso continuar assim, estou envolvida demais pra ficar e de menos pra um namoro.
_Por que não podemos ficar como estamos?
_Eu acabei de dizer o porquê.
_Namoro é só uma palavra.
_Então por que você resiste? Se não significa nada?
Silêncio. E mais silêncio. Tempo suspenso mais uma vez.
Ela virou o corpo e encarou o teto, iluminado pelo sol matutino, para não ter que encará-lo. Ele pegou a mão dela num movimento que sugeria que ela o olhasse. Depois de um tempo assim, um tempo que poderia ter sido segundos ou minutos, ela virou o rosto para ele de novo. Ele disse:
_Você promete que nós não vamos nos separar?
Silêncio.
_Me prometa.
_Eu não posso.
_Por que?
_Porque você não quer me dar o que eu preciso.
_Mas nós estamos juntos, estamos curtindo. Eu gosto de você.
_Mas não o suficiente.
_O compromisso não significa nada.
_Por que você me ofende assim?
_Como assim?
_Eu não sou uma criança. Não diga que não significa nada quando eu sei o real motivo para você não querer isso!
Silêncio. Olhos marejados. Só um par deles.
Ela vira o corpo de frente para ele e ambos se encaram, olhos nos olhos. Ambos tentam se decifrar, se entender, se sintonizar. Ambos fracassam.
_Você sabe que não podemos continuar. Não assim.
_Por que?
Ela sorri como se lembrasse de um momento bom e diz:
_Porque você ainda pergunta o porquê...
Ela se levanta da cama e sai pela porta do quarto confiante. Ele fica, suspenso como o tempo.

sábado, 22 de novembro de 2008

O que acabei de ler


O livro que acabei de ler, "Canto dos Malditos", é muito interessante. Ele conta a história real vivida pelo autor que foi internado num hospício pelo seu pai por ser usuário de drogas na adolescência. É um livro perturbador, mas ao mesmo tempo você não consegue parar de ler. O livro começa narrando a vida de Austry (apelido do nome do autor, Austregésilo Carrano Bueno) e suas loucuras em Curitiba (cidade onde vive) e no Rio de Janeiro (pra onde viaja nas férias de julho de forma inesperada). Até o momento em que ele é internado subitamente no hospício e sua vida toma uma virada. No hospício o autor encontra-se com a realidade precária dos sanatórios brasileiros e com o tempo acaba sofrendo os efeitos do desleixo dos psiquiatras que controlam esses estabelecimentos. Depois dessa primeira vez no hospício ele sai e volta para hospitais psiquiátricos várias vezes durante a vida e ainda volta para o Rio mais uma vez no livro. Esse livro inspirou o filme "Bicho de sete-cabeças" estrelado pelo ator Rodrigo Santoro. Eu recomendo ambos, o livro e o filme, e acho que todos deveriam ter conhecimento da denúncia que eles fazem: o estado calamitoso em que se encontram os hospícios no Brasil.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Aos meus anônimos

Essa é uma postagem objetiva, mas importante pra mim. Eu só quero agradecer aos anônimos que escreveram comentários aqui, leram meus textos ou simplesmente passaram os olhos pelo blog. Muito obrigado à todos vocês. =D

O vulcão inativo

Seca, estiagem, greve, bloqueio criativo... Chamem do que quiserem! Eu sei que em todo deserto tem um oásis e eu vou encontrá-lo.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Sozinha no baile (micro-conto)


Era a garota mais bonita do colégio.
Não foi convidada pro baile. Os garotos tinham medo de aborda-la.
Decidiu ir sozinha.Usou um vestido vermelho deslumbrante.
Os homens esqueceram seus pares; todos queriam dançar com ela.
Raphael da Guanabara

quarta-feira, 30 de julho de 2008

O que acabei de ler

Resolvi mudar o título da postagem (antes era: o que estou lendo) porque acho mais fácil falar sobre um livro depois que já terminamos de ler e dessa forma posso dizer minhas impressões sobre ele e se recomendo-o ou não. O último que acabei de ler foi "Vidas secas" de Graciliano Ramos. O livro é bem conhecido pelo fato de ser abordado durante o ensino médio em literatura. Ele conta a história de Fabiano e sua família e sua eterna busca por melhores (ou fuga de piores) condições de vida nos sertões nordetinos. O romance para mim é bem singular o número de personagens é bem reduzido, o que permite uma análise profunda de cada um deles. O autor disseca a personalidade desses sertanejos (inclusive da cachorra baleia que é uma das personagens mais importantes) revelando seus sonhos, suas limitações e a visão que eles tem do mundo ao redor. Eu achei o livro bem triste. O clima de miséria e precariedade (principalmente cultural) está presente em quase todos os capítulos. O autor também muitas vezes animaliza suas personagens humanas e personifica a personagem animal (porque só tem uma mesmo). Talvez seja para reforçar a importância da cachorra ou então para explicitar a miséria da família ou quem sabe esses fatos nem tenham relação direta. A dificuldade de comunicação também é observada. Em alguns momentos cheguei a imaginar homens das cavernas interagindo de tão precária que era a habilidade de compreensão e expressão das personagens. Na edição que lí há uma análise do romance no final do livro feita por Álvaro Lins, mas eu ainda não lí. Quando eu ler talvez eu compreenda melhor o livro. No geral eu gostei do livro. Não considero um livro fundamental para ter no seu ranking de lidos, mas a leitura vale a pena sim (principalmente pela Baleia que é uma personagem muito bem construída).
Esse mês também estou terminado de ler "O rio do meio" da Lya Luft e começando a ler "Til" do José de Alencar. Assim que temrinar de ler posto minhas análises aqui.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

De grão em grão...


Esses dias notei um padrão aqui no blog, depois do primeiro mês existem vários meses com apenas uma postagem. O ditado diz que de grão em grão a galinha enche o papo, mas como já rebatia o poeta: "o tempo não pára". Essa galinha, da qual o ditado fala, com certeza não era a galinha dos ovos de ouro porque essa (que é muito rara de ser encontrada) come ávidamente para produzir os ovos tão estimados. Nós nunca sabemos como será o amanhã por isso escritores e, principalmente, blogueiros devem produzir muito. Cada um escreve por um motivo, mas eu conocordo e sou adepto da filosofia de Lygia Fagundes Telles quando ela dizia que o sonho do escritor é ser imortalizado através de seu trabalho. Eu escrevo para nunca morrer, mesmo depois que não puder mais escrever nada. Pra mim isso significa ser eternamente revivido e recontado através de meus textos.

Todo artista tem sua fase menos produtiva e espero que essa fase tenha passado aqui. Com esse post eu já estou quebrando o padrão pelo menos; no mês de julho eu garanto que não haverá só uma postagem, mas o que não pode acontecer é empacar em duas né?
Raphael da Guanabara

segunda-feira, 14 de julho de 2008

O que estou lendo

Na verdade o título do post deveria ser "o que acabei de ler", já que já lí os dois livros que vou comentar aqui e ambos foram em um dia. Os dois livros são do meu autor predileto (que já foi citado aqui) Jorge Amado. O primeiro que vou falar foi o segundo que lí e foi "A descoberta da América pelos turcos". Tem um prosfácio de José Saramago no livro e é claro que a minha crítica não vai se comparar a dele, mas eu vou tentar passar com muita sinceridade as minhas impressões sobre o livro. Esse romance foi escrito por encomenda do governo italiano para a comemoração dos 500 anos de "descoberta" da América e foi um dos últimos livros escritos pelo baiano. A história conta a chegada de dois árabes na Bahia e seu posterior estabelecimento no sul do estado e ainda a saga do "desposamento" de Adma, filha primogênita e feia (ou melhor intragável) de um comerciante árabe quase falido. Como Saramago diz no prosfácio a aparente desinibição mascara a mais pura inocência do romance, porque na verdade todas as "baixarias" e outras coisas relatadas no livro fazem parte da natureza humana. Eu gostei do livro, mas não diria que é um dos melhores que já lí dele. Talvez pelo fato de ser encomendado tenha tirado um pouco da magia (mas muito pouco mesmo). O que achei mais engraçado foi a ácida crítica que o autor faz aos europeus e aos italianos em especial sendo o livro uma encomenda da Itália. Bom, quem quiser conhecer mais pode comprar o livro que vale muito a pena, mas, caso seja o primeiro livro do autor que leia, não se baseie nele para julgar a obra de Jorge como um todo.
O outro livro que lí desse autor esse mês foi "A morte e a morte de Quincas Berro D'água" essa novela foi escrita pelo autor em uma semana a pedido de um amigo e é muito interessante. Conta a história de Quincas e suas três mortes ao total; Quincas era um pai de família respeitável que em vida decidiu chutar o pau da barraca e se tornou um dos vagabundos mais conhecidos de Salvador. Quando ele morre a família vê uma chance de restituir sua fama imaculada, mas acabam surgindo duas versões de sua morte e até hoje ninguém sabe qual é a verdadeira. Sobre esse fato Jorge disse que nas ladeiras do pelourinho "ressucitou Quincas Berro D'água", ou seja, na visão do autor o personagem enganou a morte com o gingado de um típico malandro soteropolitano. Então mesmo em morte Quincas não voltou a ser aquilo que a família desejara (na minha opinião). Eu opinei no site do escritor sobre o romance e o meu comentário pode ser visto no link aí em cima. Gostei mais desse livro do que do último que falei aqui e se for pra comprar só um recomendo esse.
Por enquanto eu não vou ler outro do Jorge Amado porque estou esperando para comprar o próximo livro no relançamento que está tendo, mas vou continuar postando aqui os livros que estou lendo. O último que postei aqui terminei de ler esse mês também (o vermelho e o negro). No geral é um bom livro e vale a pena ler, mas não foi tão bom que eu esperava. A melhor parte é o fim quando o protagonista é preso e descobre o que é liberdade dentro da prisão.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

12 de junho


Hoje é um dia muito especial, muito importante para todos nós porque hoje se comemora o dia do correio aéreo nacional. O correio aéreo do nosso país é fundamental para a nação, não é verdade? Sem ele os pacotes demorariam muito mais tempo para chegar aos seus destinos e o sedex de 24 horas não existiria. Por isso eu reforço a importância desse dia único para todos nós e peço a conscientização de todos para darem o devido valor a esse serviço maravilhoso.

Mas é claro que isso não é a única coisa que se comemora hoje. Essa data é muito especial também porque celebramos o aniversário da minha grande amiga Marcelle. Conheço essa menina desde o útero e ela é foda d+! Uma dessas amizades que duram pra sempre. Eu não estive com ela hoje mas desde já quero presentea-la com tudo de melhor que a vida possa oferecer porque é isso que eu desejo pra ela. Um beijão celle.

Raphael da Guanabara

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Sua vida é uma novela!

Clarice Lispector já dizia: "quando as pessoas dizem que a vida delas daria uma novela, elas estão certas...". Eu concordo com essa frase e por isso tive uma idéia para promover o blog e praticar a escrita. Se você acha que a sua vida tem uma boa história e gostaria de vê-la escrita entre em contato comigo que eu transformarei sua vida em um mini-romance para ser publicado no blog. Vai funcionar assim: você entra em contato e a gente marca uma entrevista onde você vai me contar um resumo da sua bibliografia e outras coisas que achar importantes; depois eu pego os fatos e crio uma história de ficção baseada na entrevista e em até um mês ela é publicada no blog. Quem se interessou é só me mandar um e-mail ou deixar um comentário aí em baixo vlw. Que comecem os contatos...
Raphael da Guanabara

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Tudo acaba em Pizza!

O norte-americano Chris Clark lucrou mais de 2 milhões com a venda do site www.pizza.com . O novo milionário dos EUA contou que havia comprado o domínio em 1994 pelo preço de 20 dólares e desde então tem procurado uma pizaria para se tornar sócia. Como essa idéia não deu certo ele decidiu leiloar o seu site e, para sua surpresa, ele rendeu tudo isso. A comemoração, é claro, foi com muita pizza.

Raphael da Guanabara

sexta-feira, 28 de março de 2008

Clube do Livro


Então galera, eu estou querendo começar um clube do livro. Pra quem não conhece ele funciona assim: a gente escolhe um livro pra ler e determina um prazo pra terminar o livro e debater sobre ele. Estou procurando o pessoal do Rio preferencialmente, mas todos são bem-vindos. Para o primeiro livro vou fazer umas enquetes para determinar um título que agrade a maioria e depois cada integrante escolhe um livro na sua vez para todos lerem. Todos terão sua vez de escolher. O prazo pra ler pode ser de um mês e, dependendo de onde os integrantes morarem, podemos fazer um encontro aqui no Rio ou na web mesmo. Se tiver mais duas pessoas além de mim já dá pra começar. Quem se interessou deixa um comentário e vota na enquete aí do lado para decidir o gênero do nosso primeiro livro.



Raphael da Guanabara

quinta-feira, 20 de março de 2008

Holanda liberal mesmo!


A Holanda estava se achando conservadora demais com suas políicas de tolerância com drogas e prostituição, por isso resolveu criar uma nova lei. Entrando em vigor a partir de julho ela determina que o sexo, em parques públicos do país, está liberado. É claro que tem algumas regras, os praticantes devem recolher a sujeira que fizerem (camisinhas e afins) e só podem realizar o ato sob a luz do luar. Em Vondelpark, um parque famoso de Amsterdã, a lei já é válida, mas o curioso é que nesse mesmo lugar não é permitido passear com o cachorro sem coleira; o motivo é que os cachorros urinam em qualquer lugar, o que incomoda os freqüentadores (como se um casal se satisfazendo sem nenhuma vergonha ao seu lado não incomodasse). Uma amiga minha é doida pra conhecer Amsterdã justamente pela liberdade que tem lá, agora com essa nova lei eu não tenho dúvidas de onde ela vai passar as férias de meio de ano.


Raphael da Guanabara

quarta-feira, 19 de março de 2008

Até mais ver(ão)


Hoje é o último dia do verão, e esse ano faz 50 anos que aconteceu o verão do biquíni. Pois é, foi em 1948 que foi usada pela primeira vez a peça que hoje é indispensável no guarda roupa de qualquer carioca do sexo feminino. A ousada mulher que decidiu quebrar o tabu nem brasileira é; Miriam Etz veio com a família da Alemanha fugindo dos nazistas. Hoje com 90 anos ela permanece aqui, no país onde ela fez história, só que trocou a praia pela serra e reside atualmente em Petrópolis. Depois do verão do biquíni (e antes também) muitas vezes a estação ficou famosa na minha cidade; não por uma evento grandioso que ficou marcado, e sim pela sensação que causa em cada um. Ninguém esquece das férias indo a praia e curtindo a vida debaixo do sol característico dessa época. No verão a gente aproveita mais e aproveita de tudo; as melhores datas estão dentro dele, ano-novo, natal, carnaval, férias. Parece até uma conspiração pra fazer com que o verão seja a melhor estação do ano (como se precisasse de tudo isso). Eu acho que quando a Terra está mais perto do sol ela não recebe só mais calor, ela ganha um sopro de vida novo, fica uma magia no ar e, nesse renascimento, tudo pode acontecer. O verão está se despedindo, mas daqui a nove meses ele volta pra nos encantar de novo enquanto isso a gente espera e tenta fazer de todos os dias um pouquinho de dia de verão.
Raphael da Guanabara

segunda-feira, 17 de março de 2008

Jorge, eternamente, Amado


A companhia das letras adquiriu os direitos sobre a obra do maior escritor brasileiro na minha opinião. Jorge Amado estava sendo publicado Record desde 1975 e agora, com essa mudança de editora, seu trabalho será relançado e incluirá alguns títulos inéditos como "Hora da Guerra". Além dos célebres que imortalizaram o autor como "Gabriela, cravo e canela", "Dona flor e seus dois maridos", "Tieta do Agreste" e, o meu favorito, "Capitães de Areia". A nova detentora dos direitos tem parcerias com a Biscoito Fino para lançar CD's relacionados ao acervo e a arte das capas, assinadas por diversos fotógrafos, ficou muito legal. Os preços variam dependendo do livro, ficam entre 20 e 50 reais. Pra quem já conhece vale muito a pena comprar e pra quem não conhece é a oportunidade perfeita para ser iniciado na prosa regionalista desse grande escritor baiano. Jorge Amado nasceu em Itabuna em 1912 e morreu em Salvador em 6 de agosto de 2001, durante sua vida se envolveu com a causa comunista (todos os livros que eu lí dele até hoje tem um personagem anarquista) e foi deputado federal, seu primeiro romance publicado foi "O país do carnaval" . No site tem mais resumos de livros e informações, é bem fácil de navegar e também tem a fundação dele. Espero que aproveitem a dica e deixo um pedido para que todos deêm mais valor a cultura nacional (especialmente para minha prima que tem preconceito contra autores brasileiros e só lê livros gringos).


Raphael da Guanabara

Um é bom, dois é demais














O governo está seguindo o exemplo das micaretas e aprovou um projeto de lei que cria um carnaval fora de época durante o mês de julho. De acordo com essa nova lei, haveria três dias de desfiles do grupo de Acesso A e Especial no sambódromo e os ingressos custariam 1 real para a arquibancada. O principal objetivo para "clonar" o carnaval é explorar os lucros obtidos com o turismo, mas todo mundo sabe que o original é sempre melhor que a cópia. A minha aposta é que, se for aprovado, o evento se tornará mais um programa alternativo para as férias de meio do ano e não vingará; a fórmula mágica não funcionará duas vezes para atrair os gringos. O prefeito do Rio concorda e disse que é arriscado mudar a data do feriado visto que ela é vinculada com comemorações religiosas desse o período. Eu adoro carnaval, mas sei que a cidade perde muito durante a época porque tudo pará e o povo fica alienado dos fatos mais sérios que deveriam atrair mais atenção. Muitos fogem do carnaval por causa da bagunça e eu acho que nem todos eles podem se dar ao luxo de fugir duas vezes por ano. Para o alívio dos que são "alérgicos" a algazarra a lei está correndo o risco de não sair do papel por falta de verbas e por mim ela pode continuar assim porque nós não precisamos de mais um motivo para esquecer o trabalho e adiar os planos para o ano.

Raphael da Guanabara

quarta-feira, 12 de março de 2008

Quadradolito?

Quem mora no Rio está vendo as mudanças nas placas de rua. O famoso "pirulito" foi jogado para escanteio. A prefeitura decidiu que era hora de mudanças e começou a substituir as placas antigas. Pra mim foi desperdício de dinheiro público; existem muitas coisas que exigem prioridade antes de alterações em placas de rua que funcionavam normalmente. Como diz o ditado "se não está quebrado, não conserte" e mesmo que estivesse um pouco rachado seria mais barato e melhor para todos se fizessem uma reforma no já característico "pirulito". A empresa contratada para a transformação em cada esquina carioca foi a Planarc, a mesma que atua na cidade de São Paulo e esse foi um grande erro. As duas cidades são muito distintas entre e o que funciona lá não funciona aqui. As novas placas, com suas linhas retas e suas formas retangulares, agridem a beleza das curvas do Rio e ficam em total desarmonia com o resto da cidade. A cidade maravilhosa está perdendo uma de suas marcas com essa reforma e eu só posso lamentar no meu blog já que ninguém pediu a opinião dos cariocas antes de fazer essa burrada. Espero que ainda poupem alguns "pirulitos" para contarem a história senão só ficaremos com as fotos.

terça-feira, 11 de março de 2008

Shrek ou Feiurinha?


Estava no globo de domingo uma matéria assim:

"Xuxa comprou os direitos do livro 'O mistério de Feiurinha', uma personagem ao estilo shrek, de Pedro Bandeira. Será seu segundo filme com a Conspiração..."

Eu fiquei surpreso por eles acertarem o nome do autor, porque o resto sobre o livro está todo errado. Pra começar o títilo do livro é "O fantástico mistério de Feiurinha", mas eu acho que alguém estava com preguiça de digitar. E dizer que a personagem é ao estilo shrek é falta de informação total. A única semelhança entre os dois é que ambos se encaixam no gênero contos de fadas moderno, mas fora isso não tem nada a ver um com o outro. Eu já li o livro e interpretei um dos personagens numa adaptação para o teatro e, definitivamente, a história está mais para cinderela. O enredo fala sobre um escritor que é chamado para ajudar a resolver o mistério do desaparecimento de uma princesa dessas dos contos. Ele é abordado pelo lacaio de Branca de Neve que agora é uma senhora Encantado (como todas as outras princesas) e está grávida.Eu não posso contar mais se não vou revelar o desfecho, mas quem se interessou pelo livro pode ler um trecho dele e, se gostar, pode compra-lo, eu pesquisei o melhor preço na internet para ajudar. O livro ganhou em 1986 o prêmio Jabuti de melhor texto infantil para aqueles que gostam de credibilidade.


Raphael da Guanabara




segunda-feira, 10 de março de 2008

Chicas na lapa





Dica para quem mora no Rio ou está passando um tempo aqui. As Chicas farão um show na sexta dia 14 de março no circo voador com o Moska. Pra quem conhece não precisa dizer mais nada que convença a ir, mas pra quem não conhece (tá esperando o que?) a banda é formada por Isadora Medella, Paula Leal e pelas irmãs Fernanda Gonzaga e Amora Pêra, filhas de Gonzaguinha. O som que elas fazem é muito bom e, na minha opinião, não é para ser ouvido no cd, a performace do show dá outra interpretação da música e é um requisito básico para apreciar o trabalho das meninas. O repertório é diversificado e incluí Arnaldo Antunes, O Rappa, Caetano Veloso, músicas delas mesmas e até a famosa versão do rap do Silva. Tudo isso misturado e traduzido ao melhor estilo MPB. O grupo está ganhando mais reconhecimento recentemente; participaram do Som Brasil na globo em homenagem ao Caetano, estão com uma música na novela das oito e venceram o prêmio Tim 2007 como melhor grupo de MPB. Toda essa fama é justificada, o talento delas é impressionante e, apesar dos obstáculos, elas estão na estrada a mais de 10 anos. Bom o site oficial está em manutenção, mas quem se interessou pode visitar o myspace ou o fã-clube oficial além disso, tem a comunidade no orkut que está sempre atualizada. Até hoje eu só tive a oportunidade de ir a um show delas no festival de inverno em Petrópolis, mas já tinha visto o Som Brasil e tinha gostado, espero conseguir ir a mais esse e quem for também não vai se arrepender.






sábado, 8 de março de 2008

Dia da mulher


Hoje é dia internacional da mulher. E eu, como qualquer outro mortal, venho deixar minha dedicatória a elas (mesmo que seja agora, aos 45 do segundo tempo). Quando se faz homenagens como essa é inevitável cair nos clichês. Eu acredito que 9 em cada 10 pessoas tenham uma mulher especial em sua vida e em 99% das vezes essa mulher é a mãe. Agora, deixando a matemática de lado, qual vocês acham que é a característica mais marcante na personalidade feminina? De cara eu acho que muitos, assim como eu, pensaram na sensibilidade. Aquele jeitinho que elas tem de tudo sair bem, o fato de pensar com o coração mais que com a razão e, é claro, sem ela não haveria esse negócio de intuição feminina. Outro sentimento também ligado intimamente a mulher é a vaidade. Parece que elas já vem com isso de fábrica de tão natural que é. Os cuidados que tomam com a aparência desde cedo e a preocupação que tem com a imagem que passam para o mundo fazem com que sejam sempre admiradas. Por falar em admiração, eu acho que ninguém se admira mais com uma mulher do que quando ela está grávida. Pode parecer bobagem, mas parece que elas ganham uma luz intensa que realça ainda mais sua feminilidade. Além do fato de estarem gerando outra vida, aos poucos, célula a célula, compartilhando tudo com esse novo ser. Parece um milagre e é um privilégio para os que nascem com dois cromossomos X. Alegres, provocantes, recatadas, misteriosas, caladas ou muito falantes, toda a mulher tem muita coisa em comum, mas sem perder sua singularidade tão marcante que intriga a curiosidade de quem as observa e convida a conhecer melhor. O que eu poderia ficar dizendo aqui sobre as mulheres é muito pouco comparado a tudo que elas são; por isso prefiro só agradecer a existência delas e desejar que nunca percam essa magia que encanta a todos. E, quanto a eterna guerra dos sexos, eu sempre digo: nem melhor nem pior, só diferente.
Raphael da Guanabara

quinta-feira, 6 de março de 2008

Site de Escritores

Hoje estou aqui para falar pra vocês sobre o site que eu comentei antes no post do conto. O recanto das letras é um site destinado a publicação de textos de escritores de todos os tipos, principalmente amadores. Lá podem ser encontrados textos de todos os gêneros e, para escritores iniciantes, é um dos melhores sites para divulgação de seus trabalhos. O site é gratuito, mas é possível obter mais vantagens em sua página pessoal pagando uma mensalidade. Independente do tipo de assinatura você pode publicar textos, receber e enviar comentários, colocar recados no mural e participar do chat da página, além de outros serviços. Os escritores que utilizam o site são muito simpáticos e valorizam o tabalho dos colegas (pelo menos os que eu conheci até agora) e também há espaço para todas as idades. Quando publiquei meu primeiro texto lá foi muito legal; era uma crônica que eu tinha escrito há um tempo e ela estava de bobeira no meu pc, então vi esse site e entrei como assinante. No primeiro dia que coloquei meu texto haviam cerca de 30 leituras que fizeram dele e isso me animou muito a continuar. Agora faz mais ou menos um ano que estou nesse site e já recebi muitos comentários bons a respeito dos meus textos. Enfim, é um site democrático e interessante para quem gosta de escrever e ler, eu recomendo.
passem na minha escrivanhia lá também:


Raphael da Guanabara


quarta-feira, 5 de março de 2008

O que estou lendo

Essa postagem é pra compartilhar com vocês os livros que eu estou lendo. Agora estou com um clássico: o vermelho e o negro. Ele conta a história de Julien e é baseado em fatos reais. Julien é um camponês dotado de uma inteligência incrível que é contratado por uma família muito rica para, em termos atuais, ser babá das crianças e ensinar-lhes latim. Ele está estudando para se tornar padre, embora sua verdadeira ambição esteja no exército. Durante a trama o jovem seminarista acaba se envolvendo com sua patroa e isso da origem a várias reflexões introspectivas e ao desfecho da história, mas eu ainda não cheguei nessa parte. Pra falar a verdade só estou no começo, mas já li a biografia do autor que está no livro e isso foi o que mais me interessou. Pra começar seu nome não era Stendhal, e sim Henry Beyle, e isso era uma característica de sua personalidade; ele era um mentiroso compulsivo (dizem que foi por causa de sua infância) nunca assinava com seu próprio nome. Já encontraram mais de duzentos codinomes que o autor usava. Suas cartas estavam sempre endereçadas de forma errada. Se estava em um lugar dizia que estava em outro apenas por diversão. Quando estava cansado da vida decidiu suicidar-se, mas no dia da ação um amigo o faz uma visita e percebe uns papéis em cima da mesa. Indagado sobre o manuscrito Henry diz que é uma novela que pretendia escrever chamada Julien, o amigo olha o que havia sido escrito e, animado, tenta persuadir Henry a terminar o trabalho; convencido de que valia a pena acabar de escrever o autor risca o título e escreve Le rouge et le noir no lugar dele. Até hoje esse novo título intriga os estudiosos, mas ninguém sabe ao certo o que Henry quis dizer com ele.
Bom, é isso que estou lendo no momento se gostaram do livro e quiserem me acompanhar vai ser muito interessante poder debater sobre ele depois. E, pra quem já leu, diga o que achou da descrição que eu coloquei aqui.

terça-feira, 4 de março de 2008

O sangue de Bruna (conto)

Esse é um conto de suspense de minha autoria, é o primeiro conto que estou publicanto aqui e na minha outra página na internet num site de escritores. Essas publicações simultâneas vão acontecer muito, mas também terão textos que eu só colocarei aqui e outros que eu só colocarei lá espero que gostem e aviso logo que é perturbador.

O que eu posso dizer? Eu não lido bem com a rejeição...
Tudo começou no primeiro dia do meu terceiro ano no colégio. Eu achava que o Coração Imaculado, colégio tradicional da Tijuca, tinha dado tudo o que tinha para dar. Iria ser só mais um ano (o último) aturando os mesmos professores e alunos de sempre, já que tinha estudado naquele inferno durante toda a minha vida. Aquelas caras semimortas passando. Colegas de classe? Uma piada isso sim! Para mim eram todos gados, um rebanho imenso prontinho para o abate. O que eu não sabia na semana anterior à volta as aulas é que algo estaria diferente dessa vez.
Quando a vi a primeira vez não me chamou atenção sua beleza mediana, e até hoje não é o que mais me atrai. O que me fez observar atentamente essa menina foi a cena em si: O sinal tinha tocado e todos se encaminhavam para as salas, na mesma direção, mas ela estava atrasada e tentava andar no sentido contrário ao fluxo de estudantes. Ofegante, desarrumada e pedindo muitas desculpas ela abria caminho naquele mar de gente. “Nadando contra a corrente” eu pensei e um sorriso malandro, involuntário, correu nos meus lábios antes que pudesse contê-lo.
No recreio só podia pensar em vê-la novamente, mas ela era muito comum, se misturava fácil entre as outras meninas morenas do pátio. Fiquei todo o tempo procurando com os olhos sem prestar atenção na conversa de como haviam sido as férias de meus amigos. Sabia que ela era nova no colégio ou me lembraria dela, mas fora isso não sabia de nada e não queria sair perguntando por aí para saciar minha curiosidade (embora ela fosse muito grande).
Quando fui para casa naquele dia tinha muitas dúvidas. Nunca nenhuma garota tinha mexido comigo daquela maneira. Já tinha namorado antes (três vezes pra ser exato) e realmente achei que tinha me apaixonado por elas. Por que um momento tão curto, como foi aquela cena, pôde ficar tão marcado na minha memória? Eu quero dizer, ela não tinha nada especial, na verdade nem fazia meu tipo, mas mesmo assim só podia pensar nela.
No dia seguinte cheguei à escola cedo. Fiquei esperando no portão todos os alunos entrarem. Só queria encontra-la de novo, é claro, mas o sinal tocou e eu não vira nem sinal daquela menina. Depois descobri que se atrasava para tudo, não importava o que fosse.
Passei o dia todo aspirando um segundo encontro com ela e, como não ocorreu, continuei chegando cedo e repetindo o mesmo ritual de guardar o portão da escola. Começava a achar que tinha sido uma visão e estava pensando nessa hipótese enquanto vagava pelos corredores. Foi aí que a vi pela segunda vez: ela saia da sala sorrindo e olhando lá para dentro porque um colega seu de classe acabara de lhe dizer umas gracinhas à porta. Eu parei inesperadamente e fiquei observando como se tudo estivesse em câmera lenta, foi quando ela me viu. Dirigiu seu olhar a mim por um segundo, tempo suficiente para me analisar de cima a baixo e me deixar embaraçado, confesso. Depois andou depressa para o bebedouro em frente à porta e me observou mais uma vez antes de entrar na sala. Continuei meu caminho como se nada tivesse acontecido, mas não antes de olhar de soslaio para a porta e descobrir sua turma (1103).
Naquele mesmo dia fiz uma “visita” rápida a secretária e descobri tudo o que queria pela ficha dela. Seu nome era Bruna, tinha 16 anos e estava no primeiro ano. Tinha estudado em um colégio de Petrópolis, o que me fez concluir que havia se mudado para o Rio recentemente. Suas notas eram boas, medianas, como todo o resto a respeito dela na minha perspectiva. De resto seu histórico não tinha nada que me interessasse a não ser que ela havia quebrado a perna uma vez e ficou um tempo sem ir a escola. Guardei o seu documento de volta na gaveta e saí dali antes que alguém me pegasse, por sorte já estava familiarizado com a rotina da escola.
Nossa relação, ou a falta dela continuou a mesma por um bom tempo, exceto que sempre a via no corredor agora. Bruna tinha o mesmo espírito desafiador que eu, estávamos sempre matando aula quando nos víamos. O que me impressionava mesmo era o fato de estar sempre rodeada de amigos quase nunca a vi sozinha depois daquelas primeiras vezes. A maioria das vezes estava acompanhada de meninas, mas às vezes tinha garotos rodeando-a, avançando, próximos demais; não sei explicar o ciúme que sentia quando via essas cenas (uma vez alterei a nota de um menino que eu sempre via com ela por causa desse sentimento). Como fizera tantos amigos em tão pouco tempo? Eu era conhecido no colégio naturalmente, mas ela fez mais amigos em uma semana do que eu tinha feito nos meus quatro primeiros anos aqui. Era incrível! Me encantava!
Quando ouvi a sua voz foi mágico. Talvez não tão mágico assim pra falar a verdade. Estávamos no recreio, ela se separou das amigas e veio na minha direção, estava distraído e não notei sua aproximação até que ela abaixou-se ao meu lado e perguntou se tinha um chiclete. Na verdade havia um pacote na minha mão e ofereci a ela, Bruna pegou um e saiu tranqüilamente (Queria ter oferecido o que estava na minha boca). Quando ela estava abaixada sua saia de pregas deslizou um pouco em direção ao corpo e foi suficiente para notar suas coxas; que coxas maravilhosas, eram volumosas e brancas, mas não pálidas. Fiquei pensando nelas a noite toda nesse dia.
Depois de mais algum tempo passamos a ter mais contato. Não éramos amigos nem nada assim, mas trocávamos algumas palavras quando estávamos em um grupo de amigos em comum. Ela fingia não gostar de mim (dizia que eu era arrogante) e eu fingia que não me importava com isso. Sabe, nós dois somos bem temperamentais e ficaríamos nesse joguinho por muito tempo se não tivesse agido. Ela interpretava muito bem. Se não a conhecesse tão intimamente poderia jurar que não sentia nada por mim, mas eu conheço garotas como ela; sempre se fazem de difícil. Precisam é serem amaciadas um pouco antes de se entregarem.
Sempre pensava em Bruna antes de dormir. Não era assim tão bela, como já disse antes, mas me atraia muito. As outras garotas do colégio dobravam a saia para ficar mais curta e mostravam o máximo de decote que o uniforme permitia. No entanto Bruna nunca fez isso (esses pudores me faziam gostar ainda mais dela), mas era descuidada; sempre deixava as roupas desalinharem e mostrava um pouco mais de pele sem querer. O que era suficiente para alimentar minhas fantasias.
Numa época pus na cabeça que queria sentir seu cheiro, e um dia, no colégio, tive essa oportunidade. Estávamos na fila do bebedouro e, exceto por nós e o garoto que estava bebendo, não havia ninguém no corredor. Foi bem rápido e ela não notou nada. Ela estava a minha frente, bem perto, eu só fechei os olhos e inspirei profundamente. Nesse momento senti claramente. Era doce e agradável, um leve cheiro de pêssego. No mesmo dia saímos mais cedo e eu a segui até sua casa. Foi assim que descobri que morava na Haddock Lobo, em um prédio não tão longe da minha casa. Quando estava voltando resolvi passar na feira e comprei três pêssegos.
Já estava ficando enjoado de vê-la só na escola e poucas vezes, por isso decidi começar a freqüentar uma sorveteira perto do prédio dela. Felizmente quase todas as vezes que ia lá eu a via e, em algumas ocasiões, ela até entrava para tomar um sorvete (duas bolas: morango e baunilha). Sabia que Bruna só fazia isso para me seduzir e um dia ofereci-me para pagar o seu sorvete; ela olhou para mim muito séria, desviou o olhar e disse: “não, obrigada”. Sua resistência era formidável. Mesmo longe de olhares curiosos da escola ela fingia não ter interesse. Mas quando fui embora senti que ela me observava.
Todo ano o meu colégio promovia muitas festas. A primeira sempre era a comemoração da páscoa. Tínhamos discursos e apresentações no auditório e depois um baile no ginásio coberto. Havia chegado o dia da festa da páscoa esse ano e eu tinha planejado abordar Bruna nesse dia. Ela chegou atrasada, como eu sabia que chegaria, e sentou-se no fundo sozinha, como eu sabia que faria. Eu estrategicamente estava ali perto, e, quando ela sentou, eu fui para a cadeira ao seu lado de forma discreta.
_Oi._ eu disse
_Ah! Oi.
_Atrasada de novo né garota? Assim você vai acabar expulsa.
_É. (acho que ela não gostou do meu comentário porque fez uma cara feia nessa hora).
_Vai por mim, você não perdeu nada. Todo ano o diretor fala a mesma coisa: baboseiras sobre o colégio, sobre o ano letivo e, principalmente, sobre a magnífica biblioteca que nós temos.
_Que pena. Eu a-do-ro bibliotecas.
Ela só disse aquilo para implicar comigo, mas mesmo assim fiquei vermelho e um pouco ofendido. Claro que não ia desistir rápido assim, estava determinado, por isso continuei a conversa.
_Pra sua sorte ele ainda não chegou nessa parte.
_Que bom, não é mesmo?
_É, acho que sim. Sabe você não me parece ser do tipo que gosta de ler.
_Eu gosto de muitas coisas que você não sabe.
_Engraçado, eu também; coisas que você nem imagina.
_Isso prova os quão pouco nos conhecemos.
_Talvez você não saiba muito sobre mim, mas eu sei muitas coisas a seu respeito.
_Eu sei o suficiente sobre você, mas não posso dizer o mesmo de você.
_Porque não? Eu sei que você adora sorvete de baunilha com morango, também sei que veio de Petrópolis e sei que lá que você ganhou essa cicatriz._ disse eu tocando a perna dela no lugar onde estava a cicatriz.
_Isso não quer dizer que me conhece_ disse ela afastando-se.
_Talvez você precise se informar melhor sobre mim. Pode perguntar as garotas com quem eu já fiquei. Quem sabe sua amiga Karina ou a Júlia?
Depois desse comentário ela só me encarou, meio com raiva e meio surpresa, e eu cheguei bem perto do ouvido dela e disse:
_Mas, se você quer saber, esse ano eu estou mais calmo. Estou de olho em uma pessoa.
Eu me afastei e ela permaneceu olhando para frente. Assistimos ao resto do discurso em silêncio. O diretor falava sobre o seu maior orgulho:
_...Todo ano eu comento com vocês sobre a maior conquista de nosso colégio: a biblioteca Fernando Pessoa. Mais uma vez esse ano aumentamos nosso acervo; agora são mais de 65.000 livros e, como sempre, ela continua aberta à comunidade tijucana devidamente cadastrada. É claro que eu não posso deixar de mencionar a tecnologia de primeiro mundo que é empregada; temos uma lista computadorizada de todos os títulos que possuímos e um sistema que faz as estantes deslizarem automaticamente para dar acesso aos livros. Além disso, a sala que os guarda é mantida a uma temperatura adequada a preservação desse tesouro. E tudo isso, é claro, graças às generosas doações das famílias do bairro e ao apoio da prefeitura...
Depois dessas palavras a platéia aplaudiu muito e, após cerca de uma hora de discurso, dirigiu-se ao ginásio. Eu segui Bruna a uma certa distância e procurei ficar de olho nela durante o baile. Ela se divertia bastante e estava cercada de amigos (como sempre). Eu, por outro lado, não aproveitava nada, estava visivelmente incomodado com o evento. Aos poucos as luzes, a música e as pessoas me cansaram e fui para um lugar mais tranqüilo, perto da mesa de comida. Quando estava lá notei um casal meio escondido atrás da arquibancada e, para minha surpresa, reconheci as costas de Bruna. Aproximei-me furtivamente para olhar melhor e ela estava com um garoto; um de seus “amigos”. Fiquei desapontado. Saí o mais cedo que pude da festa.
Quando cheguei em casa não pude deixar de pensar: o que fez ela ficar com aquele garoto? Refiz essa pergunta na minha mente várias vezes. A primeira coisa que imaginei foi que ela havia feito aquilo para me colocar ciúme, mas isso estava fora de questão. Então, depois de muito indagar, concluí que ela não teve escolha. Ele a tinha forçado, usou o golpe do amigo querendo conversar. Que canalha! Só de pensar naquelas mãos sujas se aproveitando da minha garota. Ele tinha que pagar. E eu ia me vingar.
A festa tinha ocorrido no sábado e na primeira segunda que chegou eu decidi resolver esse problema; não queria planejar muito, então pensei em arrumar uma briga qualquer com ele e dar-lhe uma surra para aprender. Para sorte dele (e minha frustração) descobri que sua família tinha se mudado para São Paulo e havia sido muito recente; em uma semana organizaram tudo para partir porque o pai havia sido transferido para lá e ele aproveitou a festa para se despedir dos amigos.
Bruna passara toda a tarde bem triste e abatida. Primeiro tive pena dela e depois lembrei que poderia ser por causa de seu amiguinho fujão e fiquei com raiva. Será que ela teria me traído dessa forma? Se foi para me colocar ciúme fora uma péssima idéia. E quanto aos nossos momentos, não representaram nada? Essas perguntas rodopiavam na minha cabeça.
Resolvi confronta-la no final da aula. Fiquei esperando no portão de saída, mas ela não passava nunca. Então fui procurar na sala dela (talvez tivesse ficado de castigo). Eu não podia simplesmente abrir a porta e checar, por isso dei a volta no prédio e fiquei meio escondido observando a janela. Dava para ouvir claramente o que diziam lá dentro e logo percebi o motivo pelo qual ela não tinha ido embora. Eles estavam jogando verdade ou conseqüência. Alguém girou a caneta e caiu para a Bruna responder; quem perguntava era sua amiga Júlia.
_Verdade ou conseqüência?_ desafiou a menina.
_Verdade._ disse Bruna (eu podia jurar que diria conseqüência, mas me enganei).
_Tá bem, eu tenho reparado uma coisa que... Não sei se você notou, mas, agora é a hora perfeita para perguntar. Você já sabe que o Nicolas está interessado em você?
Eu não podia acreditar. Naquele momento o meu coração foi na boca. Como ela sabia disso? Eu estava sendo tão óbvio assim? E, o mais importante, o que ela responderia? Fiquei totalmente imóvel enquanto Bruna, ligeiramente embaraçada, estava prestes a responder.
_Sim eu já sei._ levei um choque com essa afirmação tão seca.
_E o que você acha disso?_ perguntou Júlia tirando as palavras da minha boca.
_Ahm, ahm. É só uma pergunta de cada vez._ disse Bruna para minha decepção.
O jogo continuou e giraram a caneta de novo. Ainda havia uma esperança. Se a caneta parasse na mesma posição ela teria que responder a inevitável pergunta; mas a física escolheu uma péssima hora para se vingar de mim por não gostar dela porque a caneta parou apontada para Bruna, só que ela perguntava e a Karina respondia.
_Verdade ou conseqüência?
_Verdade.
_É verdade que você já ficou com o Nicolas?
_Sim, claro, a Júlia também.
_Ei! A pergunta não era pra mim.
_Ih! Foi mal.
_Mas porque você quis saber disso Bru?
_Nada não, deixa pra lá.
_Hummmmmmmm..._ Karina e Júlia fizeram em coro.
_Ta legal, vamos continuar._ Cortou a menina enquanto girava a caneta. Dessa vez Júlia respondia e o meu amigo Vitor perguntava. Ele estava lá porque estava namorando uma garota da sala da Bruna.
_Verdade ou conseqüência?
_Verdade né.
_Júlia você que já teve uma história com meu amigo em questão, o que você diria para a Bruninha aqui?
_Bom, eu acho que eu diria: ele beija bem.
_Hummmmmmmmm..._ Todos em coro dessa vez.
_Aê Bruna._ Alguém comentou deixando-a muito vermelha.
Naquela hora eu me agradeci pelas minhas habilidades labiais (se é que me entendem). Depois dessas perguntas não houve mais nada interessante no jogo e, quando ele acabou, até esqueci de abordar Bruna sobre o sábado anterior. Em casa, mais tarde, não consegui parar de pensar nos fatos que aconteceram naquele dia. Na verdade estava muito feliz com tudo.
Estranhamente, durante a semana, Bruna ficou muito quieta e afastada; o oposto do que achei que seria seu comportamento. Talvez estivesse tentando se preservar, já que agora todos sabiam do nosso relacionamento e era inevitável que olhassem para nós quando estávamos próximos. O alvoroço era discreto, mas irritante; agora que meu interesse por ela se tornara público eu estava meio perdido; não sabia que rumo tomar a partir dali, embora não estivesse disposto a desistir dela tão fácil.
Sempre fui muito calculista e não agiria até bolar uma estratégia boa. Tudo estava me desfavorecendo, ainda não sabia o que fazer, mas tinha certeza que não podia ser no colégio e seria uma investida direta. Nada de enrolar dessa vez. Embora eu temesse a resposta dela iria terminar com isso de uma vez por todas.
Fazia um tempo que eu não podia deixar de ter sempre pêssegos frescos em casa, por isso quase todos os dias eu passava em uma quitanda para comprar alguns. O cheiro deles me acalmava e me fazia pensar nela. Era como uma droga, cada vez mais viciosa. Quando estava saindo de mais uma ida a quitanda eu vi; estava colado no poste, o folheto que me daria à oportunidade de ouro. Ele estava espalhado por todo o bairro e anunciava a estréia de uma matinê que prometia ser muito boa. No dia seguinte, no colégio, ninguém falava de outra coisa senão disso. Parecia que todos iriam, inclusive a Bruna. Com essas cartas na mão eu já sabia o que fazer; iria a estréia da matinê e, durante um momento oportuno da festa, iria falar com ela, falar tudo.
Todos estavam na expectativa para o dia da abertura, ninguém queria faltar e todos procuravam estar o melhor possível; compravam roupas novas (inclusive eu), as meninas se produziam no salão e o alvoroço era geral. Quando o dia chegou dava até para tocar a ansiedade dos alunos para a aula acabar. Ninguém demorou a chegar em casa pra se arrumar e foram mais rápidos ainda para chegar lá. Quando cheguei na porta já havia um bom movimento e foi difícil encontrar meus amigos. Procurei Bruna, mas ela estava atrasada; na verdade ela só chegou quando nós já tínhamos entrado. O som estava bombando (com certeza a casa tinha futuro) e todos se divertiam muito. Perto do fim da festa o ritmo foi diminuindo. Avistei Bruna ali perto e vi a oportunidade perfeita. Saí de perto dos meus amigos sem ninguém perceber e fui até ela. As amigas dela ainda estavam dançando e ela estava sentada um pouco distante. Eu me sentei do lado dela e falei perto do ouvido por causa do som.
_E aí, tudo bem?
_Tudo.
_Eu vim aqui te dizer uma coisa que, provavelmente, você já sabe, afinal todo mundo sabe.
_É mesmo? O que é?
_Eu não costumo dizer essas coisas para as garotas, mas com você foi diferente. Eu sinto uma coisa por você que não sei explicar; é estranho, nunca senti algo assim por alguém, eu acho... Acho que te amo.
_O quê?!
_Isso mesmo. Pode parecer exagerado ou falso, mas é verdade. É a única explicação que eu posso encontrar para o fato de não parar de pensar em você. Tem que ser isso. Então o que você me diz? Vamos assumir o nosso relacionamento junto?
_Mas, que relacionamento? A gente mal se conhece.
_Como assim?
_Olha, eu estou lisonjeada. Nenhum garoto falou isso pra mim até hoje e eu queria muito que desse certo, mas eu não sinto o mesmo por você. Desculpe, eu queria evitar isso.
_Como é que é garota? (ao dizer isso eu segurei o braço dela com mais força do que queria) Me desculpe._ disse eu soltando.
_Olha, eu não queria te deixar irritado.
_Sabe, isso nunca me aconteceu antes; nenhuma garota que eu quis me rejeitou e eu não gosto dessa sensação.
_O que garoto? Você é muito ridículo, se acha o tal, mas na verdade não está com essa bola toda. Agora me deixe em paz._ Dizendo isso ela levantou e foi andando em direção as amigas.
Eu estava paralisado observando ela se afastar. Foi a cena contrária a da primeira vez que a vi. Antes parecia que lutava contra a multidão para chegar perto de mim, só que agora era como se abrissem espaço para facilitar sua partida. Algo me acordou de repente, um garoto esbarrou nela. Eu me levantei muito alterado exigindo explicações ao folgado. O babaca desconversou e murmurou umas desculpas, mas eu não ia cair nessa; Dei logo um soco na cara para aprender, ele nem conseguiu reagir antes de eu investir de novo. Estava disposto a descontar toda minha raiva nele e só parei quando vieram uns seguranças e me seguraram. Bruna estava muito assustada (ela ainda ia ter o que merecia).
Fora o fato de eu ter sido banido do lugar não aconteceu nada de mais depois da confusão. Na segunda todos estavam comentando que a primeira briga na matinê tinha sido minha, mas ninguém soube o motivo real, embora inventassem muitas teorias. Não esqueceram de mim por quase uma semana. Só na sexta pude vagar pelos corredores sozinho como costumava fazer. Para minha surpresa vi (muito rápido, mas foi o suficiente) Bruna entrando no banheiro feminino. Não pensei nas conseqüências, só queria pegá-la. Olhei para os lados e não vi ninguém, então entrei no banheiro. Ela estava lavando o rosto e, quando ergueu o corpo e olhou para o espelho me viu através dele. Eu disse “Oi, Bruna” antes de avançar sobre ela e acertá-la com um soco que a fez bater a cabeça na pia e cair inconsciente. Agora ela era minha, finalmente...
Quando Bruna acordou ela já estava amarrada e amordaçada. A única coisa que fez foi olhar bem nos meus olhos. Estávamos na biblioteca, onde não era aberto ao público. Lá era escuro e muito grande. Ela estava sentada, encostada na parede entre as estantes mecanizadas. Eu comecei a falar porque agora ela só podia me ouvir.
_O que você acha de mim agora, heim, princesinha? Aposto que você queria ter dito que sim. Muitas delas aqui no colégio diriam. Era só eu pedir, mas não, eu estava me guardando pra você. Aliás, quem você pensa que é para me rejeitar? Não importa. Só agora que eu percebi que você não é tudo aquilo que eu pensei; na verdade você é só uma garota suja e usada que já passou na mão de muita gente. Tenho certeza que você sabe disso, por isso dói. Sabe, garota, você me traiu. Desprezou o nosso relacionamento tão especial. E depois de tudo que eu fiz por você. Tudo isso é culpa sua; você pediu pra receber esse tratamento. E eu vou te deixar aqui pensando um pouco sobre nós.
Assim que ouviu a última frase ela arregalou os olhos e tentou se debater inutilmente. Eu a deixei lá triunfante. Mais tarde, na hora do recreio, fui até a biblioteca de novo, dessa vez pelo balcão de visitantes. Chamei a bibliotecária que era minha amiga há muito tempo. Levei meu diskman com um cd de uma banda nova que disse para ela escutar enquanto ia pegar o meu livro. Coloquei no último volume para Sara ouvir e ela foi, inocentemente, até as prateleiras ao fundo e parou em frente aquela que estava o romance policial que eu queria. Ela ativou as engrenagens que abriam espaço entre as estantes que ela procurava e diminuíam o espaço onde estava Bruna. O máximo de barulho que poderia ser feito através da mordaça não seria escutado por Sara com os fones no ouvido, nem mesmo quando as estantes de ferro esmagassem o corpo de Bruna lentamente, só para que Sara pegasse um exemplar de “A bibliotecária assassina”, que ironia cruel, não é mesmo. Agora o coração imaculado não estava mais tão imaculado, estava sujo com o sangue de Bruna e ninguém jamais descobriria que tinha sido eu...

segunda-feira, 3 de março de 2008

Eterno Carioca

O aniversário do Rio foi anteontem e, por problemas técnicos, eu não pude postar antes. Eu não sei o que o resto do Brasil pensa da minha cidade, deve ser estranho ver no jornal notícias sobre a violência e, logo em seguida, sobre a beleza carioca; muitos devem ter medo ( uma amiga me disse um dia que os primos mineiros dela não queriam visitar o Rio porque todo dia tinha bala ), é normal, os próprios moradores têm, mas nada mais que qualquer habitante de cidade grande teria. Embora esse tema gere muito assunto, eu não quero falar dos contras hoje e sim dos prós do berço da bossa nova. Nem sempre eu fui um apaixonado pelo Rio assim, acredito que só me tornei carioca mesmo depois de me mudar para a zona sul. Para os habitantes daqui essa região produz opiniões controversas, dizem que só tem metidinhos aqui, reclamam do trânsito, falam que nunca viriam para cá. Meu recado para 98% dessas pessoas é o seguinte: "quem desdenha quer comprar". Antes de morar aqui era como se não conhecesse a cidade de verdade só sabia do meu bairro e olhe lá. Não imaginava a riqueza cultural, histórica e intelectual que estava ao meu dispor; Aqui encontrei pessoas interessadas e interessantes ( o melhor tipo de pessoa para conhecer) e, é claro, as belezas com que a guanabara foi abençoada. Foi uma experiência ótima descobrir uma cidade borbulhando na minha frente. O que mais me impressionou nesse ambiente novo foi a diversidade nas pessoas, de onde eu vim todos pareciam iguais e quando não pareciam queriam ser como os outros; ninguém tinha a ousadia de expressar a individualidade para não ser excluído. Além disso ninguém tinha grandes ambições na vida. Pra mim a zona sul é uma síntese do Rio de Janeiro. Pode-se ver o melhor e o pior da cidade nesse espaço delimitado pelo mar e pelos morros. Eu costumo dizer que sou privilegiado porque moro num paraíso. Não acho que é exagero já que uma vez um grupo de turistas japoneses tirou as roupas e começou a correr na praia de copacabana acreditando estarem no céu. É claro que o Rio não é perfeito, tem muitos problemas, mas muitas soluções também, só falta colocar em prática. Apesar de todos os defeitos não trocaria essa cidade por nada, sinceramente, não poderia ir para outro lugar mesmo que fosse cem vezes melhor. Foi por todo esse amor que sinto por esse lugar que escolhi colocar guanabara no meu nome artístico, para expressar esse sentimento e chamar atenção para a situação da nossa baía que está tão poluída. Bom, para aqueles que não tem o prazer de viver aqui eu coloquei algumas fotos da primeira vez que fui ao pão de açucar, que é maravilhoso, mas é claro que elas não estão a altura da beleza do lugar só ao vivo pra saber mesmo; e parabéns a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro você merece mais.


Raphael da Guanabara




sábado, 1 de março de 2008

Batismo

Há um tempo que eu estou com vontade de criar um blog; Acho que todos deveriam ter um, essa coisa de estar integrado a internet é muito importante hoje em dia, além disso você pode se expressar livremente para o mundo através de sua página pessoal. Decidir que teria um blog foi fácil, mas o primeiro óbstáculo que encontrei foi o nome. Como saber qual é o certo? Um nome pode fazer ou destruir um blog. Eu podia pensar em muitas coisas, mas nenhuma tão criativa e boa para colocar. Tinha que ser um nome abragente, para que não limitasse o blog a alguma categoria. Também não podia ser nenhum clichê porque eu queria me destacar. E é claro que tinha que ter criatividade, uma sacação que despertasse a curiosidade dos meus visitantes para que voltassem aqui. Bom com isso em mente eu fui pensando, mas sabe como são as melhores coisas da vida né, elas vem quando a gente menos espera. Estava folheando o dicionário (é, era um dia chato mesmo) quando passei os olhos pela palavra argonauta; de acordo com ele significa navegador destemido. Logo pensei: criativo, original, genérico, tudo o que eu queria. Eu daria um novo significado a palavra, já que, ao invés de remeter aos navegadores gregos que passaram por grandes aventuras, agora denotaria a um internauta que navega pela web e trás o que tem de mais interessante para postar aqui. Só tinha um problema; eu pesquisei no google blogs com esse nome e encontrei um "o argonauta". Péssimo e eu que pensei que estava sendo muito inédito, que nada. Eu fui conferir o blog do cara e, felizmente, não tinha nada a ver com o que eu tinha planejado para esse, então ainda tinha uma esperança. Começei a pensar em nomes como "webargonauta" e "ciberargonauta" (ainda bem que não fiquei com nenhum deles), mas forçei mais um pouquinho as engrenagens e surgiu o nome atual em minha mente. Eu queria dar um novo conceito a palavra por isso o -neo encaixou perfeitamente. Foi um neologismo muito legal. O resto foi só correr pro abraço; escolhi o modelo do blog e algumas imagens para criar o ambiente argonáutico e pronto, assim foi o batismo da minha página virtual.
Falou pessoal, esse foi o texto do mais novo blogueiro da net e só espero ter um futuro promissor nesse mundo tão disputado né.

Raphael da Guanabara