
Era a garota mais bonita do colégio.
Não foi convidada pro baile. Os garotos tinham medo de aborda-la.
Decidiu ir sozinha.Usou um vestido vermelho deslumbrante.
Os homens esqueceram seus pares; todos queriam dançar com ela.
Raphael da Guanabara
Resolvi mudar o título da postagem (antes era: o que estou lendo) porque acho mais fácil falar sobre um livro depois que já terminamos de ler e dessa forma posso dizer minhas impressões sobre ele e se recomendo-o ou não. O último que acabei de ler foi "Vidas secas" de Graciliano Ramos. O livro é bem conhecido pelo fato de ser abordado durante o ensino médio em literatura. Ele conta a história de Fabiano e sua família e sua eterna busca por melhores (ou fuga de piores) condições de vida nos sertões nordetinos. O romance para mim é bem singular o número de personagens é bem reduzido, o que permite uma análise profunda de cada um deles. O autor disseca a personalidade desses sertanejos (inclusive da cachorra baleia que é uma das personagens mais importantes) revelando seus sonhos, suas limitações e a visão que eles tem do mundo ao redor. Eu achei o livro bem triste. O clima de miséria e precariedade (principalmente cultural) está presente em quase todos os capítulos. O autor também muitas vezes animaliza suas personagens humanas e personifica a personagem animal (porque só tem uma mesmo). Talvez seja para reforçar a importância da cachorra ou então para explicitar a miséria da família ou quem sabe esses fatos nem tenham relação direta. A dificuldade de comunicação também é observada. Em alguns momentos cheguei a imaginar homens das cavernas interagindo de tão precária que era a habilidade de compreensão e expressão das personagens. Na edição que lí há uma análise do romance no final do livro feita por Álvaro Lins, mas eu ainda não lí. Quando eu ler talvez eu compreenda melhor o livro. No geral eu gostei do livro. Não considero um livro fundamental para ter no seu ranking de lidos, mas a leitura vale a pena sim (principalmente pela Baleia que é uma personagem muito bem construída).
Na verdade o título do post deveria ser "o que acabei de ler", já que já lí os dois livros que vou comentar aqui e ambos foram em um dia. Os dois livros são do meu autor predileto (que já foi citado aqui) Jorge Amado. O primeiro que vou falar foi o segundo que lí e foi "A descoberta da América pelos turcos". Tem um prosfácio de José Saramago no livro e é claro que a minha crítica não vai se comparar a dele, mas eu vou tentar passar com muita sinceridade as minhas impressões sobre o livro. Esse romance foi escrito por encomenda do governo italiano para a comemoração dos 500 anos de "descoberta" da América e foi um dos últimos livros escritos pelo baiano. A história conta a chegada de dois árabes na Bahia e seu posterior estabelecimento no sul do estado e ainda a saga do "desposamento" de Adma, filha primogênita e feia (ou melhor intragável) de um comerciante árabe quase falido. Como Saramago diz no prosfácio a aparente desinibição mascara a mais pura inocência do romance, porque na verdade todas as "baixarias" e outras coisas relatadas no livro fazem parte da natureza humana. Eu gostei do livro, mas não diria que é um dos melhores que já lí dele. Talvez pelo fato de ser encomendado tenha tirado um pouco da magia (mas muito pouco mesmo). O que achei mais engraçado foi a ácida crítica que o autor faz aos europeus e aos italianos em especial sendo o livro uma encomenda da Itália. Bom, quem quiser conhecer mais pode comprar o livro que vale muito a pena, mas, caso seja o primeiro livro do autor que leia, não se baseie nele para julgar a obra de Jorge como um todo.
nte. Conta a história de Quincas e suas três mortes ao total; Quincas era um pai de família respeitável que em vida decidiu chutar o pau da barraca e se tornou um dos vagabundos mais conhecidos de Salvador. Quando ele morre a família vê uma chance de restituir sua fama imaculada, mas acabam surgindo duas versões de sua morte e até hoje ninguém sabe qual é a verdadeira. Sobre esse fato Jorge disse que nas ladeiras do pelourinho "ressucitou Quincas Berro D'água", ou seja, na visão do autor o personagem enganou a morte com o gingado de um típico malandro soteropolitano. Então mesmo em morte Quincas não voltou a ser aquilo que a família desejara (na minha opinião). Eu opinei no site do escritor sobre o romance e o meu comentário pode ser visto no link aí em cima. Gostei mais desse livro do que do último que falei aqui e se for pra comprar só um recomendo esse.