terça-feira, 13 de julho de 2010
Inspiração
sábado, 10 de julho de 2010
Parafraseando
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
Por um fio (micro-conto)
Bodas (crônica)
As pessoas sempre dizem que a rotina é o que acaba com o casamento. Mas quando não se trata de casamentos o que a rotina pode causar? Perguntando as pessoas sobre isso ouvi que a rotina pode ser entediante as vezes mas ela mantém nossa sanidade. Será verdade que o veneno do matrimônio pode ser o remédio da lucidez? No caso do meu amigo, após pensar sobre o assunto, eu cheguei a conclusão de que ele "casara-se" com a sua vida. Para muitos de nós sair para curtição sem limites, festejar ao máximo com amigos e abusar no consumo do etanol é algo pouco comum, são eventos reservados a dias que ficarão na memória por um bom tempo. Mas para Lucas nunca foi assim (desde que eu o conheço) porque sua vida é intensa e ferve de animação. Essa é a sua rotina.
Nós costumamos associar a rotina a um modo de vida monótono e repetitivo. No entanto quando a rotina consiste em muitas festas, diversão e amigos ela ainda pode levar a mesma conotoção? No caso de não poder o que ela é? Quando refleti sobre a sensação de perda do sabor de tudo do Lucas pensei no que havia mudado na vida dele para que ele mudasse sua visão e, principalmente, no que não havia mudado. Ao afirmar que ele levou sua vida para o altar quero dizer que ele chegou aquele estágio do casamento onde a velha chama não é mais tão forte, sua luz não cega e seu calor é imperceptível. Acabou a luxúria da lua-de-mel e já se prepara o aniversário de bodas entre desejos de renovação e receios de mudança.
Na vida a dois há uma cura para a rotina, quando um se vê fatigado do outro basta assinar papéis e esquecer os votos. Mas para nós solteiros parece não haver salvação, quando nos encontramos cansados de nossa própria rotina o que fazer? Não podemos nos divorciar de nós mesmos. Ou podemos? quanto mais eu procurava mais eu me aproximava dessa solução, mas como fazê-lo? Para alguns apenas um corte de cabelo serve para sentir-se transformado, mas existem outros que necessitam de algo mais radical, mais simbólico. O que será necessário para que esses recuperem o frescor dos fatos? Talvez uma viagem para um lugar onde fosse possível mergulhar dentro de si ou quem sabe uma novidade arrebatadora na vida estável.
A rotina de fato muda a vida da gente, as vezes para melhor porque ela se torna exatamente o que precisamos e as vezes para pior porque ela transforma cada dia numa retrospectiva do anterior tediosa e maçante. Para mim a rotina é o ato de fazer a mesma coisa sempre independente do que seja. Para o Lucas a rotina pode ter prejudicado a sua maneira de ver o mundo ou o que está acontecendo agora com ele pode ser resultado apenas do amadurecimento, no fim das contas sempre há o divórcio ou uma segunda lua-de-mel.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
2000inove!
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
O gato (conto)
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
O ovo (conto)
O acontecido é óbvio e imutável; o ovo está aqui e eu o coloquei nesse mundo. Agora, o que devo fazer com ele? Isso não está claro para mim. O que o ovo quer de mim? O que eu espero do ovo? Talvez devesse choca-lo (uma parte de mim diz isso). O simples instinto paterno leva-me a cuidar, proteger e nutrir esse ovo. Deixar que ele se desenvolva, fortaleça e cresça para um dia, quem sabe, rachar e revelar seu conteúdo. O que haverá dentro dele? Por enquanto só vejo mistério, não se meche, não emite sons. Se soubesse o que há dentro tomaria a atitude mais correta.
O que devo fazer com este ovo? Devo ignorá-lo, devo fingir que o fato não aconteceu? O mais sensato seria simplesmente virar a página deste capítulo insano no livro da minha vida? Não. Mesmo que desejasse isso com todas as forças não o conseguiria. O ovo foi posto; por mim. Não se pode relevar isso. Mas então o que fazer? Afinal por que coloquei um ovo? Galinhas botam ovos, não sou uma galinha. O que sou? Que tipo de evento cósmico ocorreu para que eu acordasse como um ser ovíparo?
Isso tudo é um sonho. Estou dentro de um quadro surrealista de Di Cavalcanti. Logo acordarei, assim que esse ovo parar de me encarar. Não vai demorar muito; tão rápido quanto um piscar de olhos. Logo... Não acordo, continuo em meu sofá velho e o ovo ainda está ao meu lado e ao mesmo tempo em mim, como se fôssemos um só.
A única coisa que sei é que sou o gerador daquele ovo. Viverei com o fantasma desse episódio para sempre: o dia em que botei um ovo e o dia em que me neguei a choca-lo. Não sei o que fazer com o ovo. Frito-o e o como porque a despensa está vazia.
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
Sou fogo (conto)
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
O que acabei de ler
domingo, 28 de dezembro de 2008
O medo e o instinto (crônica)
sábado, 27 de dezembro de 2008
O enigma da esfinge
Finalmente alguém aderiu ao projeto de transformar um fato da vida em um texto aqui no blog, esse é a respeito de uma grande amiga minha que pediu isso pra mim. Espero que ela goste e espero que vocês gostem também, eu caprichei muito e demorei muito pra terminar também rs.
Quem se interessar ou quiser saber mais é só me mandar um e-mail ou ler o texto aí do lado.
Ela abriu os olhos e notou a mão dele afagando seu cabelo. Continuaram os dois deitados, só os dedos dele moviam-se entre os fios louros e sedosos dela; tudo mais estava imóvel, o tempo estava suspenso, aguardando, e os olhos se encontravam e se invadiam. Ele sorriu, ela olhou.
_Acho que nós devíamos terminar. Ela disse com a voz minguada.
O sorriso desmancha, os dedos param e dessa vez tudo fica suspenso, aguardando.
_Por que? Ele pergunta.
_Porque você não quer o que eu quero.
_O que?
_Eu quero um relancionamento.
_Mas o que é isso?
_Eu não sei, mas não é o que eu quero.
_Eu não quero ficar sem você.
_Mas você também não quer ficar comigo.
_Mas eu não estou com você?
Silêncio.
_Eu não posso continuar assim, estou envolvida demais pra ficar e de menos pra um namoro.
_Por que não podemos ficar como estamos?
_Eu acabei de dizer o porquê.
_Namoro é só uma palavra.
_Então por que você resiste? Se não significa nada?
Silêncio. E mais silêncio. Tempo suspenso mais uma vez.
Ela virou o corpo e encarou o teto, iluminado pelo sol matutino, para não ter que encará-lo. Ele pegou a mão dela num movimento que sugeria que ela o olhasse. Depois de um tempo assim, um tempo que poderia ter sido segundos ou minutos, ela virou o rosto para ele de novo. Ele disse:
_Você promete que nós não vamos nos separar?
Silêncio.
_Me prometa.
_Eu não posso.
_Por que?
_Porque você não quer me dar o que eu preciso.
_Mas nós estamos juntos, estamos curtindo. Eu gosto de você.
_Mas não o suficiente.
_O compromisso não significa nada.
_Por que você me ofende assim?
_Como assim?
_Eu não sou uma criança. Não diga que não significa nada quando eu sei o real motivo para você não querer isso!
Silêncio. Olhos marejados. Só um par deles.
Ela vira o corpo de frente para ele e ambos se encaram, olhos nos olhos. Ambos tentam se decifrar, se entender, se sintonizar. Ambos fracassam.
_Você sabe que não podemos continuar. Não assim.
_Por que?
Ela sorri como se lembrasse de um momento bom e diz:
_Porque você ainda pergunta o porquê...
Ela se levanta da cama e sai pela porta do quarto confiante. Ele fica, suspenso como o tempo.